Região cafeicultora de Garça ganha em eficiência no cultivo, mas área de plantio diminui
Reconhecida com selo internacional de qualidade, a região cafeicultora de Garça, a ConGarça, melhorou a eficiência no cultivo do café em 2022 e produziu maior quantidade do produto com a utilização de uma área menor, em relação a 2021. Os dados são da Produção Agrícola Municipal, pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês de setembro.
O Marília Notícia analisou as informações sobre a região cafeicultora que é formada por 15 municípios, sendo eles Álvaro de Carvalho, Alvinlândia, Cafelândia, Duartina, Fernão, Gália, Garça, Guarantã, Júlio Mesquita, Lucianópolis, Lupércio, Marília, Ocauçu, Pirajuí e Vera Cruz.
Em 2018, eram cultivados 25 mil hectares de café na região, número que caiu para 19,4 mil hectares em 2022. Essa extensão ainda é um pouco menor do que os 19,6 mil hectares utilizados para o plantio em 2021.
Apesar da redução na área de cultivo, houve um ganho de eficiência que fez a produção crescer entre 2021 e 2022. A produção saiu de 24.824 para 27.419 toneladas de café colhido, um aumento de 10%. A renda também aumentou proporcionalmente, em 13%, elevando o valor da produção para R$ 243 milhões.
O presidente da Congarça, Tamis Lustri, contou ao MN que a redução da área de plantio é devido ao alto custo de produção do café, por conta principalmente do aumento dos preços dos fertilizantes e combustíveis, além da falta de mão de obra especializada. Ainda que o valor do grão tenha crescido, o agricultor tem preferido outras culturas.
“Os insumos cresceram muito mais que o preço do café, então caiu a rentabilidade. Quando o café estava entre R$ 470,00 e R$ 500,00 por saca, o custo de produção era de aproximadamente R$ 320,00. O percentual disto é relativamente bom. Quando chegou a quase R$ 1,5 mil por saca, no início do ano passado, o custo chegou a quase isto também”, explicou o presidente.
O município de Garça, por exemplo, continua sendo o quinto maior produtor de café do Estado de São Paulo, mesmo tendo reduzido a área de plantio do grão em mais de 30% de 2019 para 2022. Essa redução foi de 12 para 8,3 hectares. Já o plantio da soja na área rural do município cresceu 200%, saindo de 500 para 1,5 mil hectares.
SELO DE QUALIDADE
Em 2022, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), órgão vinculado ao Ministério da Economia, concedeu o selo Indicação Geográfica (IG) para o produto cultivado nos 15 municípios do centro-oeste paulista, referente à Congarça.
A IG é uma Indicação de Procedência que reconhece a região como um dos maiores polos produtores de café do estado de São Paulo, além de vincular o produto à história e ao desenvolvimento regional.
O gestor da IG é o Conselho do Café da Região de Garça (Congarça), que protocolou o pedido no Inpi em outubro de 2020. O presidente Tamis disse que a IG confere ao café da região características únicas.
“Somente nessa região é possível produzir esse café, em função do solo, do clima, da geografia e de outros fatores que só ocorrem aqui”, explicou Tamis.
Segundo Tamis, entre essas características únicas estão um café encorpado, com acidez equilibrada, doçura natural com notas de chocolate e caramelo, às vezes frutado e cítrico. “É um café com retrogosto, que é aquela permanência do gostinho do café no fundo da garganta por um tempo”, explicou.