Daniel deve promover poucas mudanças para o segundo mandato
Com a transição entre a primeira e segunda gestão, a minirreforma do secretariado e outros cargos de primeiro escalão do governo Daniel Alonso (PSDB) pode ser mais “mini” do que muitos acreditam ou desejam.
O chefe do Executivo de Marília é considerado resistente a mudanças – ao menos em relação ao círculo mais próximo.
Apesar das inúmeras sugestões, ou pressões de aliados de última hora, Daniel deve manter grande parte do time que está no governo.
Pelo menos uma novidade já foi anunciada. O tenente-coronel da reserva da Polícia Militar, Marcos Boldrin, recebeu o convite para ocupar um cargo no primeiro escalão, mesmo antes das eleições.
Boldrin, que também é urbanista, foi apresentado na campanha em uma live para “avalizar” Daniel como um candidato disposto a fazer um governo que “pense a cidade do futuro”.
No discurso da vitória, ainda no dia 15 de novembro, foi anunciado como primeiro integrante do novo governo.
O Marília Notícia procurou o militar da reserva. O último contato, segundo ele, foi na noite do anúncio de vitória. “Estou na reserva (aposentado), colocando leituras em dia e participando de atualizações, em cursos virtuais”, informou Boldrin ao site.
Articulação do vice
Após um primeiro mandato onde gastou muito tempo para se explicar, sanear contas e regularizar questões básicas, como coleta de lixo, Daniel deve ter novo nível de cobrança em relação a demandas sociais.
Nos bastidores, a expectativa é que o novo vice-prefeito, Cícero do Ceasa (PL) – ligado a movimentos sociais e sindicais – possa ser uma voz mais popular dentro do governo, mas sem lista de cargos e nem discurso de “dois prefeitos”.
O perfil de Cícero difere bem dos antecessores. Enquanto Sérgio Lopes Sobrinho (vice 2013-2016) “figurou” fielmente, em uma gestão na qual efetivamente pouco opinava, Cícero promete levar seu gabinete itinerante para a rua e lembrar o governo de compromissos populares.
Não é esperada, porém, que a cobrança seja em forma de cargos e controle de autarquias e empresas públicas, como ocorreu com o empresário Tato Ambrósio (MDB), atual vice-prefeito de Marília, hoje afastado de Daniel.
A influência de Cícero sobre mudanças no atual secretariado – ao menos no primeiro ano de governo – é considerada pequena.
Articulação
Nos bastidores, é vista como certa a posição de liderança mais firme de Daniel, em relação a assuntos políticos. O chefe do Executivo já deixou claro a interlocutores que pretende fazer pessoalmente a articulação entre secretarias e quer evitar “opiniões governistas”, que possam causar incêndios.
O assessor especial Alysson Alex Souza e Silva, que tem excelente avaliação interna de sua atuação jurídica, deve focar mais na blindagem do prefeito nos assuntos de sua área.
Com a carreira política em ascensão, Daniel quer evitar a todo custo problemas com a Justiça e Tribunal de Contas, pelo desiquilíbrio fiscal que ainda atribui a gestões de seus antecessores.
Maiores vitrines
Entre servidores, há dúvidas entre a permanência de Cássio Luiz Pinto na Secretaria da Saúde. Ele assumiu a pasta no auge da crise, com a saída de Ricardo Mustafá, para suposta candidatura que não se confirmou.
Caso deixe a Secretaria, o empresário tem lugar garantido no governo. A saída porém, dependeria de um nome técnico, que não colocasse em risco a “ampla vidraça” da Saúde, alvo preferencial da oposição. A opinião geral é de que Cássio deve continuar, tendo em vista o excelente trabalho que vem realizando.
Considerado técnico e eficaz – para atender a demanda interna da Secretaria da Educação – o secretário Helter Bochi tem bom trânsito entre os servidores e pacificou a pasta. As apostas são de continuidade.
Na Assistência Social deve prevalecer a relação partidária com Wania Lombardi. “Uma coisa que foi difícil em todas as pastas foi mostrar o que estava sendo feito. Lá foi feita muita coisa, mas não apareceu tanto”, disse uma fonte ouvida pelo site.
A Assistência Social é uma das grandes secretarias alvo de sugestões de mudanças, porém, com pouca probabilidade de se concretizar.
Autarquias
Daniel também recebe sugestões para alterar o comando do Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem), administrado pelo engenheiro André Ferioli. O ex-presidente, Marcelo Macedo é citado por algumas fontes.
Por questões mais políticas que administravas, também é alvo o presidente da Empresa de Mobilidade Urbana de Marília (Emdurb), Valdeci Fogaça, tecnicamente bem avaliado por interlocutores do governo.
Nenhuma pressa
O prefeito, que segundo a maioria das fontes, não colocou o assunto em pauta em nenhuma conversa mais ampla, demostra não ver nenhuma necessidade de formalizar minirreforma.
Ao invés disso, deve fazer mudanças pontuais, levado mais pelas circunstâncias do que por desejo de mudar a equipe de governo.
A velha máxima “em time que está ganhando, não se mexe”, vale também para a administração que ganhou voto de confiança para mais quatro anos.