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Marília
dom. 12 mar. 2023

Racismo e sexismo são a causa de até 35% da diferença salarial

por Samantha Ciuffa

Painel de Informações da Rais da cidade de Marília (Ilustração: RAIS)

A desigualdade salarial em Marília, comprovada por dados divulgados pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2021, atravessa questões raciais e de gênero.

O levantamento aponta que, na cidade, homens brancos recebem uma média de R$ 3.268,00. Já homens pretos possuem uma média salarial de R$ 2.531,27, ou seja, 22,5% menor em comparação com o primeiro grupo. O pagamento para o homem pardo fica em torno de R$ 2.745,67, também com diminuição de 15,9% no comparativo com a primeira categoria.

Conforme convenção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, negro é quem se autodeclara preto ou pardo, pois a população negra seria a somatório de pretos e pardos. O relatório em questão, porém, indica somente os valores separados.

No caso das mulheres brancas, a média fica em R$ 2.781,57, enquanto as mulheres pretas recebem R$ 2.110,79 – diferença de 24,1%. Para a parda, o índice indicado é de R$ 2.281,98 – 17,9% menor se comparado ao primeiro grupo.

Se considerado somente o gênero, é possível constatar que mulheres recebem 12,9% a menos que homens em Marília.

RACISMO

A pesquisadora de doutorado em Educação e membro do Conselho Municipal de Igualdade Racial, Mariana Alves de Sousa, de 29 anos, atribui ao racismo estrutural a diferença de salários entre pessoas brancas e negras.

“A gente se depara com esse histórico de colonização no qual a população negra viveu em condições de subalternidade e, mesmo após este período, o Estado não promoveu nenhuma iniciativa efetiva para que essas pessoas fossem dignamente inseridas na sociedade, com ações de reparação histórica”, explica Sousa. “A consequência é que essa subalternidade se estruture nas relações sociais e naturalize as desigualdades”, completa.

Mariana Alves de Sousa é pesquisadora e membro do Conselho Municipal de Igualdade Racial (Foto: Arquivo Pessoal)

Na atualidade, de acordo com a pesquisadora, a discrepância se dá inicialmente pela ausência de oportunidades que pessoas negras lidam durante a vida toda. “As desigualdades econômicas e educacionais são os principais fatores que comprometem a mobilidade social”, defende.

“Em processos seletivos, muitas vezes a cor e o gênero chegam antes de qualquer oportunidade que possam ser dadas para que essas pessoas participem de certas instituições, mostrem seu potencial e consigam ascender profissionalmente”, afirma Sousa. “Elas não são, pela questão do estereótipo, muitas vezes nem consideradas como sendo pessoas que podem ocupar determinados cargos de determinadas empresas”, conclui.

INTERSECÇÃO

A doutoranda explica ainda que, ao assumir uma perspectiva mais interseccional, para olhar os dados considerando questões de gênero, a conclusão é de que as mulheres negras são o grupo que tende a ocupar a base da pirâmide econômica.

“Quando percebemos que os homens brancos são aqueles que recebem mais, depois vêm as mulheres brancas, os homens negros e por fim as mulheres negras, é possível ver quem sustenta essa pirâmide”, diz Mariana.

(Ilustração: Rais)

Segundo a pesquisadora, é o grupo que, em uma perspectiva histórica, sempre exerceu trabalhos de cuidado e domésticos – dentro e, principalmente, fora de suas casas. “Essa dupla, às vezes tripla jornada de trabalho que as mulheres negras são submetidas em função da desigualdade é um fator que impede as possibilidades de qualificação. Consequentemente, mantém esse grupo como sendo o de menor salário e profissões menos reconhecidas”, analisa.

Apesar dos avanços graças às ações afirmativas, ainda de acordo com Sousa, com mulheres e pessoas negras ocupando mais universidades e tendo maior oportunidade de qualificação profissional, ainda não é como deveria ser. “Mesmo quando essas mulheres são qualificadas, o racismo e a questão do sexismo é um crivo para barrar o acesso delas a profissões e cargos que concedam reconhecimento e retorno financeiro”, avalia.

REPARAÇÃO

O caminho para a reparação, afirma a pesquisadora, são as políticas públicas, educacionais e de ações afirmativas. “O Estado precisa estar muito atento ao desenvolvimento e, principalmente, execução de políticas que vão garantir que pessoas negras tenham oportunidade de entrar e permanecer nas instituições de ensino”, finaliza.

A atenção às demandas de movimentos sociais de lutas raciais também é prioritária para desenvolver ações públicas que contribuam, de fato, para essa transformação.

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