‘Quadrilha’ de quatis domina bosque, rende risadas e prejuízos
“Não vão ao bosque! E se forem tomem cuidado. Ontem um quati roubou minha sacola que estava com meu celular dentro”. Esse é um relato, ao mesmo tempo triste e cômico, de uma das mais recentes vítimas da ‘quadrilha’ de animais que ‘atua’ há tempos no Bosque Municipal, localizado na zona Leste de Marília.
A leitora do Marília Notícia Isabella Pereira relatou o episódio em uma matéria publicada pelo portal nesta quinta-feira (22), referente ao novo horário de funcionamento do espaço público.
De acordo ela, seu celular estava dentro da bolsa que o quati levou rapidamente para o meio do mato, sem chance de qualquer reação.
“Eles são impossíveis”, disse outra pessoa. Desde então, surgiram diversas histórias parecidas – além de já existirem outras ocasiões em que os quatis e outros animais que vivem no bosque, como saguis e pacas, viraram notícia.
“Agora quando levo meu filho, só vou de mochila e não tiro. Já levaram o chinelo do meu filho pro meio da mata, enquanto eu corria atrás eles mexeram na bolsa, comeram as frutas e conseguiram rasgar até o pacote de bolacha”, respondeu a leitora Gisele Gimenez.
“Já roubaram a sacola de salgadinho do meu filho, pensa em uma quadrilha de quatis organizada”, comentou Eltinho Honorato.
“Da última vez que eu fui lá, tentei comer no quiosque e eles subiram na mesa em que eu estava, subiram no meu filho e pegaram o ketchup da mesa do lado e correram para a mata”, lembrou Jéssica Belan.
“Ontem esses meliantes roubaram uma sacola com frutas de um senhor lá… Ele ousou descuidar por alguns segundos e dá-lhe correria atrás dos ladrões”, relatou em tom divertido Leandro Soares.
ALERTA
Apesar do tom de brincadeira, o assunto é bastante sério. O médico veterinário Lupércio Garrido, da Divisão de Zoonoses da Prefeitura de Marília, alerta sobre os riscos de se oferecer alimentos para os animais selvagens e mesmo de se aproximar deles.
“A invasão de animais silvestres em áreas urbanas sempre traz problemas, entre eles estão as doenças, zoonoses que podem se transmitidas para os humanos e também o risco de agressão, caso se sintam ameaçados”, afirma Garrido.
Ele lembra que doenças graves surgem da interação indevida entre animais não domesticados com a humanidade. Um exemplo é a Covid-19, mas também existem outras enfermidades há muito conhecidas, como a raiva e a febre amarela.
Já a oferta de alimentos industrializados acaba adoecendo e mesmo matando os animais. “As pessoas acham que estão fazendo o bem, mas na verdade estão prejudicando os animais. Só um biólogo ou um veterinário especializado pode dizer qual é a alimentação adequada”, completa.
“Os quatis acabam perdendo o medo das pessoas, se aproximando e até mesmo subindo em cima delas. Isso vai indo até o momento em que uma delas decide pegar um no colo para fazer uma foto e leva uma mordida, que além de dolorida, transmite doenças”, alerta.
Segundo o chefe da Divisão de Zoonoses, os quatis não são originários do bosque, uma reserva de Mata Atlântica. “Eles vieram das áreas de preservação que existem nas proximidades, no que sobrou de mata nas regiões de precipício”.
Ao encontrarem a ausência de predadores, abrigo, água e comida, acabaram se instalando. “A recomendação é para que o público não dê comida, nem se aproxime deles”, disse Garrido.