Projeto realiza mural de graffiti no pontilhão da rua Bahia
No último domingo (22), os artistas Robal e Leds desenvolveram um mural de graffiti, no pontilhão da rua Bahia, que retrata a temática “Dinossauros”, presente no imaginário popular, fazendo uma conexão deste universo por meio da arte urbana.
A ação compõe o projeto “Elos Perdidos – Reconectando o passado por meio da Arte Urbana”, contemplado no Edital Municipal nº02/2021, desenvolvido pela Secretaria Municipal da Cultura, que premiou 26 grupos/artistas com atuação no município de Marília.
Ao todo foram destinados R$ 300 mil para a execução de projetos culturais em diversos segmentos como música, artes cênicas, artes visuais, arte urbana, literatura e audiovisual.
PROJETO
O projeto “Elos Perdidos: reconectando o passado por meio da arte urbana”, de autoria de Fábio R. B. Lima, grafiteiro conhecido na região por seu tag name Robal, foi um dos contemplados no Edital Municipal nº02/2021, da Secretaria Municipal da Cultura.
A proposta do projeto foi realizar atividade por meio da arte – Graffiti – forma de manifestação artística e efêmera feita em espaços urbanos, cujo objetivo é provocar o imaginário popular por meio da temática dinossauros.
Dinossauros e os fragmentos de sua passagem pelo nosso planeta foi o eixo temático escolhido para a proposta de confecção do mural.
Segundo Robal, “a temática do mural ‘Dinossauro’ e sua passagem por nosso planeta − permitiu elaborar uma obra que fizesse referência a esses animais e ao elo que se perdeu com o decorrer do tempo, mas que, atualmente, é resgatado por meio de descobertas de fósseis e outros vestígios do passado, expostos no museu de Paleontologia de Marília, a exemplo do fóssil conhecido como Titanossauro”.
“A escolha do tema dinossauro se deu tanto por sua importância para o imaginário popular – independente de ideologias, classe social, gênero e crenças − quanto por sua relevância para a cidade de Marília, pois todo o oeste paulista é uma região já reconhecida como sítio paleontológico, com relevância e reconhecimento científico internacional na área da paleontologia o que trouxe muitas descobertas valiosas para esse campo, a exemplo da descoberta de fósseis como o Titanossauro”, destacou Robal.
O local foi escolhido devido à visibilidade e o acesso as pessoas à contemplação e contou com a participação de outro artista grafiteiro: Led Marques, conhecido como Leds, de Belo Horizonte/MG.
As ideias e elaboração dos primeiros esboços foram discutidas há, pelo menos, um mês antes da realização do mural, de forma remota. No decorrer desse processo, houve trabalho de pesquisa, incluindo diálogo com especialista da área, o paleontólogo William Nava, para tornar a obra mais fidedigna ao que era na época dos dinossauros, sem deixar de lado a liberdade criativa.
“A ideia de convidar um artista de outra região para somar com a obra se deu tanto pelo fato de promover o intercâmbio entre artistas, quanto pelo aspecto de afinidade de estilo, pois como pensei no layout da obra algo com muita profundidade, movimento, cores fortes e uso de perspectivas na composição, achei interessante convidar um artista que trabalhasse especificamente com letras 3D, o que possibilitou tornar a obra harmoniosa dentro dos limites de cada estilo”, disse Robal.
A obra com dimensões de 40 metros quadrados levou dez dias para ser finalizada, pois, segundo Robal, tiveram alguns contratempos.
“Como o fator tempo não estava a nosso favor, decidi que para agilizar o processo, a primeira etapa da obra fosse feita por mim, antes da chegada do Led. Deixei finalizado o fundo, o cenário, os dinossauros, para quando ele chegasse trabalhasse sua letra, a qual estaria em primeiro plano na obra, assim ganharíamos tempo, pois a estadia dele estava limitada a somente três dias”, disse.
O projeto permitirá à população o acesso gratuito e contemplativo dessa modalidade de arte urbana que, na maioria das vezes, só é encontrada nos centros urbanos de grandes capitais. Assim, o projeto torna possível o rompimento de preconceitos e sentimentos depreciativos em relação ao Graffiti, trazendo à luz o conhecimento sobre esse aspecto da cultura urbana e sua importância para a sociedade, bem como para a revitalização de espaços urbanos por meio de murais.
ARTISTAS
Fabio Robal é um artista que trabalha com as linguagens graffiti, desenho, ilustração, histórias em quadrinhos em oficinas culturais regionais. Formado pela escola de artes Fábrica de Quadrinhos em São Paulo.
Foi coordenador do projeto Arte para Todos/GADA das unidades da Fundação Casa do interior do Estado de São Paulo. Possui Doutorado em Ciência da Informação pela Unesp de Marília com a temática graffiti e patrimônio cultural.
Realizou diversos projetos aprovados em editais ligados a arte urbana resultando em oficinas e murais de graffiti, como “Pratas da casa” e “Lei Aldir Blanc” e palestras, como “Arte e cultura na rede” no museu de artes Pinacoteca de São Paulo.
Fez adaptações de obras literárias como “Cidade de Deus” para a linguagem das Histórias em quadrinhos bem como exposições de pinturas em salões de Arte como a “Mostra Paralela do 10º salão de arte contemporânea de Marília e exposições em diversos espaços em Marília e região.
Suas HQs falam dos sintomas causados pela vida nos centros urbanos sob uma ótica própria e pessoal. Já no graffiti desenvolveu uma técnica que une aspectos de quadrinhos com o graffiti, com temas inspirados na cultura hip-hop no estilo Oldschool.
Leds possui formação na arte do graffiti, com atuação desde 2018, autodidata, realizou diversos cursos de aperfeiçoamento, como a oficina “Relatos, Técnicas e profissionalismo”, ministrada por Tot e Ed-Mun da PDF CREW. LEDS colaborou em vários eventos de graffiti, como o “Fábrica de Graffiti” (Contagem-MG) e o Xia Graffiti Fest (Belo Horizonte- MG). Em 2022, foi convidado para compor a 5º edição do projeto Fábrica de Graffiti em Sabará-MG, pintando um mural de 110m².
ELOS PERDIDOS
Também compõe o projeto Elos Perdidos a realização de um vídeo documental sobre o processo de criação do mural, em fase de elaboração pelo vídeomaker Gabriel Teixeira.
Outro desdobramento do projeto é a oficina de colorimetria, ministrada pela professora Andreia Oliveira, que será realizada dia 9 de junho. As inscrições já estão abertas e os interessados deverão se inscrever através do telefone (14) 3454-7434 ou presencialmente, no balcão da Biblioteca Municipal de Marília “João Mesquita Valença”, na rua São Luiz, 1295.