Professora evita troca de vacinas e relata caso para alertar população
Uma professora de 47 anos, que procurou a unidade de Saúde da rede básica de Marília para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19, fez um relato inusitado. Por muito pouco, segundo ela, não teve o imunizante trocado – entre os atuais fornecedores do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em abril, a professora mariliense Magda de Sá recebeu uma dose da Coronavac, produzida pelo laboratório Sinovac, durante a ação de imunização promovida pela Secretaria Municipal da Saúde.
No mês passado, quando deveria receber a segunda dose, ela teve um quadro severo de dengue e teve que alterar a data da segunda vacinação.
No último dia (1º), Magda ligou para a filha, relatando que tomaria a vacina. “Eu disse, ‘mãe, vê direitinho, porque foi Coronavac que você tomou. Tem que ser da mesma”, relatou ao Marília Notícia a filha, a esteticista Jéssica de Sá.
Após passar pela conferência da caderneta por uma funcionária ao lado, a professora já estava diante da profissional que faria a aplicação, quando lembrou do alerta da filha e decidiu confirmar.
“Ela já tinha aberto um frasco. Eu disse para ela, ‘é Coronavac né?’ Ela respondeu, ‘ah é? Eu já ia aplicar da AstraZeneca’ e trocou. Ainda bem que tinham mais pessoas para serem vacinadas, então aquele frasco aberto não se perdeu”, conta Magda.
Jéssica decidiu compartilhar com internautas o relato do caso, como alerta. “Não é uma crítica, não estamos cobrando a punição a ninguém, porque sabemos que está complicado para todo mundo. Mas, realmente, foi muito estranho. O que teria acontecido se ela não tivesse falado? E que efeito essa troca teria? Temos que ficar muito atentos”, disse ao MN.
A reportagem procurou o secretário municipal da Saúde, Cassio Luiz Pinto Júnior, que disse que “sempre procuramos fazer a segunda dose no mesmo local onde foi aplicada a primeira, para evitar esse tipo de engano. Mas isso não ocorre, até porque a pessoa tem que apresentar a carteira de vacinação da primeira vez que vacinou. É algo que precisa ser melhor apurado.”
E AGORA?
De acordo com o Ministério da Saúde, é importante que as autoridades locais registrem os incidentes (quando consumados, não foi o caso da professora Magda) no sistema e-SUS Notifica. O registro é feito como “erro de imunização”. A partir daí, os casos são monitorados para acompanhar se ocorreu algum efeito colateral.
No Sergipe, a força-tarefa que combate a pandemia acompanha o caso de três idosos que tomaram a primeira dose da Coronavac e, três semanas depois, da AstraZeneca.
O professor do Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe e responsável pela força-tarefa, Lysandro Borges, afirma que, mesmo com as vacinas diferentes, os idosos produziram anticorpos contra a Covid-19.
Os pesquisadores vão acompanhar os pacientes durante três meses para saber se a quantidade de anticorpos aumentou e se a proteção é duradoura.
Mesmo com o “cenário positivo”, o professor destaca que a orientação ainda é tomar as duas doses da mesma vacina.
No Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação, o Ministério da Saúde avalia que quem toma doses de vacinas diferentes não pode ser considerado como devidamente imunizado. Mas, neste momento, não recomenda a administração de doses adicionais de vacinas contra a Covid-19. (com texto da Agência Brasil)