Primeira mariliense vacinada conta batalha e encoraja imunização
Completou um ano a vacinação da primeira moradora de Marília contra a Covid-19. A técnica de enfermagem Francine Rita de Cassia Domingues Viana, de 33 anos – que já recebeu a terceira dose –, teve que se despedir do pai, o mecânico aposentado Nelson Domingos Viana, que acabou sendo uma das 990 vítimas do coronavírus na cidade.
As dores causadas pela pandemia não roubaram dela a certeza de que a vacinação é o caminho.
Após contribuir na linha de frente, atualmente, a profissional de saúde trabalha em setor de menor exposição biológica. Mas em janeiro do ano passado – em plena explosão de casos e mortes –, ela fazia parte da equipe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Covid do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema).
Ainda não havia conclusão sobre a reinfecção por Covid-19 e o engano da possível imunidade – pelo vírus – ainda fazia parte da imaginação de muitos.
Meses antes de receber o imunizante, Francine testou positivo para a doença e sofreu as restrições pelo isolamento dentro da própria casa, com os pais de 72 anos [ambos mesma idade].
“Me recuperei, fui vacinada, a primeira de Marília, mas infelizmente meu pai testou positivo para Covid-19. Ele foi internado, e acabou falecendo após 32 dias”, lamenta ao Marília Notícia.
CORINTIANO ROXO
Nelson, pai de Francine, testou positivo e foi internado no dia 25 de janeiro, seis dias após comemorar a vacinação da filha. No dia 25 de fevereiro, ele morreu pelas complicações da doença.
Outro 25 estava na história da família. Exatamente um mês após a partida do pai, Francine viu a mãe, Luzia Viana, ser vacinada. “Era 25 de março. Eles tinham a mesma idade. Se tudo tivesse dado certo, teriam se vacinado junto. Mas tento não pensar nisso e focar na vida que ele teve”, conta a técnica de enfermagem.
Corintiano fanático, Nelson foi mecânico desde adolescente. “Ele amava assistir televisão, jogos principalmente. Lia muito jornal. Meu pai foi um homem muito inteligente. Conversava sobre qualquer assunto. Gostava muito de música sertaneja. Ele me ensinou a amar Chitãozinho e Xororó”, lembra Francine.
NOVOS DESAFIOS
Com essa perda, Francine decidiu não voltar mais para a ala Covid do Hospital das Clínicas. “Hoje faço parte da equipe da Unidade de Cuidados em Saúde Mental do HC/Famema, área de atuação que sou apaixonada”, conta.
A técnica de enfermagem relata que continua como naquele momento em que tomou a primeira dose: com esperança, alegria e muita honra pela profissão.
“Tenho certeza que vamos vencer essa luta, apesar dos percalços que estamos enfrentando. Peço à população da nossa cidade que acredite na vacina, que vá até o posto e tome a sua dose contra a Covid-19”, convida.
Como profissional de saúde, que viu o impacto do coronavírus em centenas de famílias; como filha, que experimentou a perda do pai, apesar dos cuidados e do esforço para manter o vírus longe, Francine recomenda vacina, para que mais perdas não sejam lamentadas.
“Agora que chegou o momento das crianças, levem seus filhos para receber a vacina. Isso é um ato de amor ao próximo. Acreditem no trabalho árduo dos pesquisadores e na força do nosso Sistema Único de Saúde”, conclui a técnica de enfermagem ao MN.