Pressão psicológica sobre profissionais da saúde preocupa
O aumento no afastamento de profissionais da saúde em Marília devido aos altos níveis de estresse, além de outros problemas psicológicos, tem preocupado o poder público e os sindicatos que representam as categorias.
O assunto também é motivo de alarde entre membros do Conselho Municipal de Saúde (Comus), que assistem atônitos ao colapso do sistema local e regional.
Já se passou cerca de um ano de intenso trabalho para quem atua na linha de frente do combate à Covid-19. Muitos trabalhadores alegam um enorme cansaço, com esgotamento físico e mental. Quadros de ansiedade, crises de pânico e depressão parecem se multiplicar com o prolongamento da crise sanitária.
Esta semana o quadro chegou a ser classificado como “medicina de guerra” pelo médico João Paulo Galletti Pilon, que responde pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona Norte – onde estão sendo feitas internações provisórias, assim como no Pronto Atendimento (PA) da zona Sul.
Contribuem para o estafo a superlotação de leitos, mortes de pacientes antes mesmo de conseguirem vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a escassez de materiais básicos para tratamento.
A vacinação desses profissionais aumenta a segurança durante o trabalho, mas não resolve a tensão vivenciada diariamente como em um passe de mágica.
Sindicatos
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Serviços Públicos de Marília (Sindimmar), José Paulino, quer uma reunião urgente com a administração municipal para tratar sobre o assunto.
“Os profissionais da saúde estão chegando no limite, estão adoecendo, está faltando pessoal. Se a população está em pânico, o que dizer sobre as pessoas que trabalham na linha de frente?”, questionou o sindicalista.
Já o presidente do Sinsaúde, Aristeu Carriel, afirma que vem notificando a Prefeitura e hospitais privados sobre o problema antes mesmo do agravamento da pandemia em Marília e região, registrada desde o começo do ano e acelerando.
“Pedimos a inclusão dos familiares dos profissionais de saúde, que moram nas mesmas casas com eles, entre os grupos prioritários. Esses trabalhadores ficam o dia inteiro lidando com pacientes com Covid-19 e depois voltam para suas casas. Eles estão vacinados, mas podem contaminar seus parentes”, aponta Carriel.
De acordo com o representante do Sinsaúde, antes da vacinação, o sindicato perdeu mais de 90 filiados para a Covid-19 em sua base territorial regional, composta por 68 municípios.
A entidade também estaria cobrando o fornecimento adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a garantia do pagamento de benefício por insalubridade.
Envolvidos
Ao Marília Notícia, o secretário da Saúde, Cássio Luiz Pinto Júnior, confirmou que se trata de um “momento difícil de estresse”.
A Santa Casa de Marília informou que “mantém acompanhamento psicológico para os funcionários da área assistencial”.
“Sobre os afastamentos, eles acontecem na medida em que o colaborador apresenta sintomas de síndrome respiratória e em caso de necessidade acontece a reposição. Na medida do possível os quadros estão sendo mantidos”, completa a nota.
Não foram fornecidos números de profissionais afastados por problemas psicológicos. Já o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema) informou somente que não tem esse tipo de dado disponível para divulgar.
O MN aguarda manifestação oficial da assessoria de imprensa da Prefeitura e do Hospital Beneficente Unimar (HBU) com informações sobre o problema.