Presidente da OAB Marília repudia declarações de Jair Bolsonaro
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Marília, Marlúcio Bomfim Trindade, repudiou os ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz.
Bolsonaro atacou Santa Cruz ao dizer que pode “contar a verdade” sobre como o pai dele desapareceu na ditadura militar. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade”, disse.
Felipe é filho de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, integrante do grupo Ação Popular (AP), organização contrária ao regime militar (1964-1985). Ele foi preso pelo governo em 1974 e nunca mais foi visto. Em 2012, no livro “Memórias de uma guerra suja”, o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra diz que o corpo de Fernando foi incinerado no forno de uma usina de açúcar em Campos (RJ).
“A OAB Marília repudia a declaração do presidente Jair Bolsonaro. O presidente ainda está em plena campanha, utilizando da mídia, por vezes sensacionalista, para atacar a OAB. Quando Bolsonaro ataca a OAB, o presidente ataca toda advocacia e enfraquece a democracia. Em Marília temos 2.400 advogados e no Brasil praticamente 1,2 milhões de profissionais”, se posiciona comandante local do órgão.
Para Marlúcio Trindade, Bolsonaro mistura a representatividade da OAB com a atuação de Felipe Santa Cruz junto à presidência da Ordem.
“Se Bolsonaro tem alguma coisa contra o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, as críticas devem ser a sua pessoa e não contra a OAB, pois assim Bolsonaro ataca a todos nós [advogados]. Ficamos muito tristes quando Bolsonaro pessoaliza a OAB na figura do atual presidente, Felipe Santa Cruz. Agora deveria ser justamente o momento de fortalecer as instituições e de valorizar a OAB”, destaca o presidente da OAB Marília.
Ataques e respostas
A confusão entre Felipe Santa Cruz e Bolsonaro está na acusação de que a OAB seria responsável pelo sigilo do telefone de Adélio Bispo. Adélio foi o responsável pela facada contra o presidente no ano passado, durante a campanha eleitoral. Ele foi considerado inimputável pela Justiça por transtorno mental. O presidente não recorreu da decisão.
“Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados (de Adélio)? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB?”, disse Bolsonaro.
“O presidente repete uma informação falsa, que inúmeras vezes já foi desmentida, de que o sigilo telefônico de Adélio Bispo é protegido pela OAB”, disse em nota Felipe Santa Cruz.
O estopim da divergência foi quando Jair Bolsonaro mencionou o pai do presidente nacional da OAB, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, integrante do grupo Ação Popular (AP), organização contrária ao regime militar (1964-1985).
Ele foi preso pelo governo em 1974 e nunca mais foi visto. Em 2012, no livro “Memórias de uma guerra suja”, o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra diz que o corpo de Fernando foi incinerado no forno de uma usina de açúcar em Campos (RJ).
“Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco e veio desaparecer no Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro em coletiva de imprensa.
Poucas horas depois, enquanto cortava o cabelo em transmissão ao vivo pela internet, Bolsonaro afirmou que não foram os militares que mataram pai do presidente da OAB. Segundo Bolsonaro, ele foi assasinado por “justiçamento da esquerda” (prática em que militantes julgam e eliminam pessoas traidoras de movimentos revolucionários).