Presidência da Câmara deve ficar entre Rezende e Nascimento
O comando da Câmara Municipal, no biênio 2021-2022, deverá ser de um vereador experiente. Nos bastidores do poder, duas candidaturas se articulam. Marcos Rezende (PSD) e Eduardo Nascimento (PSDB) já estariam medindo a temperatura. Com cautela para não sofrerem “fritura” pela antecipação, ambos negam apetite ao cargo.
Antes de colocar a mão no tabuleiro, como fez na última disputa – e ajudou Rezende a vencer – a articulação do prefeito Daniel Alonso (PSDB) analisa o jogo para identificar quem teria mais chances.
Se Rezende for escolhido pelos seus pares, repete um feito do próprio Nascimento, que foi reeleito e reconduzido à presidência em 2009, após ter presidido no biênio 2007-2008. Já Eduardo, caso fique com a cadeira, terá uma volta ao Legislativo em grande estilo, após oito anos.
O preferido de Daniel
Marcos Rezende esteve ao lado do governo nos momentos mais difíceis, como na virada 2018/2019, quando o prefeito teve que adotar medidas impopulares, para tentar reduzir custos na Prefeitura e evitar colapso no meio do mandato.
Mesmo com os ataques da oposição, que não se constrangeu em antecipar a disputa eleitoral de 2020, Rezende se manteve firme e comprou integralmente a briga governista.
Pouco antes da eleição, porém, sofreu ataques de aliados próximos a Daniel, principalmente do assessor especial de governo Alysson Alex Souza e Silva. Irritado com a situação, ameaçou se rebelar, mas na campanha manteve seu nome associado a Alonso.
Hoje Rezende é o nome que o grupo do prefeito Daniel quer como presidente da Câmara. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o prefeito reeleito deve trabalhar, mesmo que discretamente, para manter o político do PSD no comando do Legislativo.
Paz no ninho tucano
Se de um lado há respeito ao histórico de Rezende, por outro nenhum governista está autorizado a criar um novo conflito no ninho tucano. Desprezar o potencial de Eduardo Nascimento, do mesmo partido de Daniel, poderia custar caro.
As divergências internas do PSDB, envolvendo principalmente os vereadores delegado Wilson Damasceno e José Luiz Queiroz, não deixaram boas lembranças para ninguém no governo. É fato que ambos não foram reeleitos, mas os episódios desgastantes foram vistos como falta de habilidade política do governo.
Com Eduardo uma animosidade interna poderia gerar grandes estragos. Basta lembrar que ao longo de sua gestão na secretaria municipal de Esportes, o experiente Nascimento sempre foi visto como um “ponto fora da curva”, nos gráficos de ativos políticos do prefeito.
O personalismo e a liberdade do secretário – com candidatura tida como certa – foram toleradas ao longo de toda gestão. Eduardo apareceu mais que qualquer outro titular de pasta, independente da vontade do gabinete governista.
Mesmo que o secretário não projetasse o governo Daniel, o principal objetivo era evitar que ele desembarcasse muito cedo e se tornasse uma voz crítica ao prefeito.
Com os resultados das urnas, o jogo recomeçou, sem a tensão do primeiro tempo. Nas últimas semanas, um indício da possível pretensão à presidência da Câmara foi a ‘bandeira branca’ de Eduardo em relação a Alysson, braço jurídico-político do governo.
Incendiário e bombeiro ao mesmo tempo, o assessor faz parte da diretoria do Marília Atlético Clube (MAC), assim como Eduardo Nascimento. A atuação de ambos no clube já foi motivo de muita tensão. Publicamente ambos afirmam estar ‘tudo bem’ na relação, mas a reportagem do Marília Notícia apurou com diversas fontes que ambos não se bicam.
Eduardo também é visto pelo grupo de Daniel como potencial inimigo daqui a quatro anos. Nascimento teria pretensão de se tornar prefeito e isso incomoda o grupo do atual chefe do Executivo.
Centrão e oposição
“Já se viu vereador subir as escadas da Câmara ‘presidente’ e descer sem ao menos um cargo na mesa diretora”. A frase é célebre em Marília e sempre invocada por quem rejeita previsões ou tenta desconversar.
Fato é que se houver alguma surpresa no novo comando, pode vir do centrão (Progressistas e Republicanos) ou da oposição (Podemos e PSB). Poucos acreditam nessa possibilidade, dado o fisiologismo partidário e o peso da derrota majoritária.
Enquanto o Progressistas e o Republicanos tendem a se tornar governo, esquecendo as juras a Abelardo e Vinicius Camarinha, o Podemos e PSB, controlados pelo antigo grupo, podem acabar isolados.
Vale lembrar que a experiência política de Luiz Eduardo Nardi (Podemos) repele votos governistas. Já Danilo Bigeschi, réu na Justiça Federal e alvo de sindicância pelo escândalo dos tablets, deve fugir dos holofotes.
Entre os novatos, apenas o mais votado, Rogério Alexandre da Graça (Progressistas) é citado. Porém, é cada vez menos cogitado.
Ainda é cedo
“Estão especulando porque já fui presidente da Câmara. É bem complicada esta costura. Ainda é cedo. Isto é decidido aos 45 do segundo tempo”, joga pra escanteio Eduardo.
“Eu não sou candidato. Depende de um consenso. É diferente, por exemplo de uma candidatura a vereador. Eu tenho que respeitar todos os companheiros e isso (presidência) faz parte de uma decisão dos 13 vereadores”, desconversou Rezende.