Prefeitura desmente ONG sobre leishmaniose
O artigo publicado nesta quinta-feira (15) pela ONG Matra (Marília Transparente), em que denuncia a possibilidade de metade dos cerca de 50 mil cães existentes na cidade estarem contaminados com leishmaniose visceral, provocou forte reação da Secretaria da Saúde de Marília.
“Em respeito à transparência, ao bom senso e a coerência, a Secretaria Municipal da Saúde de Marília vem a público solicitar da organização Marília Transparente que apresente os dados oficiais, estatísticas de coeficiente de incidência e demais documentos de órgãos competentes, incluindo a Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo e Ministério da Saúde, que comprovem a situação de epidemia para leishmaniose visceral em Marília, segundo noticiado pela entidade em conteúdo veiculado na imprensa local e no site da organização em 15 de dezembro de 2016”, disse a administração municipal em nota.
A pasta afirmou em comunicado que o médico veterinário Lupércio Garrido – servidor municipal que detém notório saber em zoonoses – em momento algum concedeu entrevista ou transmitiu informações, estatísticas ou dados para a organização Marília Transparente, “de modo que o mesmo não pode assumir a responsabilidade do conteúdo da matéria”
Ainda segundo a Secretaria da Saúde, “o médico veterinário Lupércio Garrido ressaltou que discorda tecnicamente de colocações da matéria pelo fato de estarem sendo apresentadas de modo equivocado”.
“O que se nota neste conteúdo jornalístico disseminado pela organização Marília Transparente é o desencontro de informações, incluindo truncagem de uma apresentação que o servidor municipal fez ao Conselho Municipal de Saúde (Comus) sobre as atividades de controle desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Saúde em regiões específicas do município e série histórica da doença, acrescida a conteúdo geral disponibilizado pela internet”, diz a assessoria da Saúde.
A administração municipal explicou que ao Conselho Municipal de Saúde, Lupércio Garrido informou que em determinadas áreas de inquérito de leishmaniose canina no bairro Jânio Quadros o índice chegou a 46%.
“Isto não quer dizer e nem significa que em todo o bairro Jânio Quadros vigore o índice de 46% de contaminação de leishmaniose canina. Igualmente irresponsável e incoerente afirmar que esse índice se reproduza em todo o Município, pois o Jânio Quadros corresponde a uma fração urbana de uma região”, afirma a nota do poder público.
Para a Prefeitura, a informação de que 25 mil cães estão contaminados pela leishmaniose em Marília é imprecisa e carece totalmente de fonte apropriada para sua confirmação. Marília está classificada atualmente como município endêmico para leishmaniose com transmissão moderada.
“O Comitê Municipal de Enfrentamento da Leishmaniose conta com integrantes da Secretaria Municipal da Saúde, Departamento Regional da Saúde IX (DRS IX) e Superintendência de Controle de Endemias da Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo, a SUCEN. Informamos ainda que a Matra, ao colocar notícia em seu espaço publicitário [matéria paga] no Jornal da Manhã, edição de 15 de dezembro de 2016, prestou um verdadeiro desserviço à coletividade, provocando pavor e incentivando a sensação de pânico na população, o que é lamentável”, finalizou a nota.
A ONG Matra foi procurada pelo Marília Notícia para comentar o assunto e informou que não vai se posicionar mais sobre o caso.