Prefeitos da região desafiam Doria; Daniel se diz ‘travado’ por multa
Com a confirmação de que o governo paulista decidiu manter para o próximo dia 5 de fevereiro a reclassificação do Plano São Paulo, aumentou a tensão entre o Executivo estadual e os prefeitos do interior, especialmente na região de Marília e Bauru. Várias cidades já anunciaram flexibilização por conta própria.
Havia a expectativa de uma antecipação já para esta sexta-feira (29), o que poderia reduzir o número de regiões na fase vermelha. A medida aliviaria a pressão na economia, principalmente nas sete regiões que estão na fase mais restritiva.
O caso mais polêmico é o da prefeita de Bauru (104 quilômetros de Marília), a jornalista Suéllen Rosim (Patriotas). Mesmo com taxa de ocupação próxima de 100% na cidade, ela manteve a continuidade do atendimento presencial no comércio e outros setores.
Na prática, a medida evitou que Bauru ficasse na fase vermelha, a qual havia acabado de regredir. Como contrapartida, a prefeita proibiu a venda de bebida alcoólica a partir das 20h.
O governo estadual notificou o município pelo descumprimento do Plano São Paulo e apontou “inobservância de normas relativas à prevenção da Covid-19”.
Mas a polêmica parece longe do fim. A decisão da prefeita teve apoio do promotor de Saúde Pública da cidade, Enilson Komono. Em uma entrevista ao Jornal da Cidade de Bauru, ele disse que o índice usado pelo Plano São Paulo na classificação é “enganoso” e que o Estado foi negligente com a falta de leitos.
Nesta quarta-feira (27) Rosim foi recebida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Brasília. Ela exaltou o chefe do Executivo nacional, expondo ainda mais sua oposição ao governador João Doria (PSDB).
Em Marília, o prefeito Daniel Alonso (PSDB) afirmou, via assessoria de imprensa, que “até a presente data Marília está impedida de fazer qualquer tipo de flexibilização tanto por conta do Ministério Público como pelo Tribunal de Justiça”.
Daniel segue o Plano São Paulo de forma integral, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia, em caso de descumprimento. O prefeito tucano chegou a pedir uma reclassificação mais rápida da região de Marília, mas não foi atendido por Doria.
Alonso afirmou também que iria se reunir na manhã desta quinta-feira (28) com o promotor Isauro Pigozzi Filho, responsável pela tutela da saúde pública em Marília, para avaliar possíveis saídas para o caso.
Enquanto isso, os prefeitos de Paraguaçu Paulista, Ourinhos e Santa Cruz do Rio Pardo já anunciaram regras próprias.
Em Ourinhos (94 quilômetros de Marília), o prefeito Lucas Pocay (PSD) chegou a fechar o comércio da cidade, mesmo antes da região entrar na fase vermelha do Plano São Paulo. Entre os dias 13 e 18 de janeiro, somente serviços essenciais funcionaram.
Mas o chefe do Executivo da cidade vizinha foi o primeiro a reabrir as atividades, justamente quando a região vivia o segundo dia da fase mais restritiva. O município chegou a ter 100% de ocupação nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Em Santa Cruz do Rio Pardo (120 quilômetros de Marília), o prefeito Diego Singolani (PSD) seguiu Ourinhos e também publicou decreto que colocou a cidade na fase vermelha, mesmo antes do rebaixamento pelo Plano São Paulo.
No entanto, nesta quinta-feira (28) já poderão funcionar academias e salões de beleza. A partir da próxima segunda-feira (1) a expectativa é de comércio funcionando normalmente em Rio Pardo.
Outra cidade que flexibilizou as atividades, destoando de Doria, foi Paraguaçu Paulista, localizada a 78 quilômetros de Marília.
A reabertura do comércio e setor de serviços começou a valer nesta quarta-feira (27).
O prefeito Antônio Takashi Sasada (PSD) decretou ainda que as instituições de ensino da rede privada poderão retomar as atividades de forma presencial.
Entre as três cidades que flexibilizaram atividades na região de Marília, duas (Ourinhos e Paraguaçu) tiveram acréscimo de leitos de UTI Covid, antes da região entrar na fase vermelha do Plano São Paulo.