Postos de saúde de Marília vão prescrever hidroxicloroquina
Os médicos dos postos de saúde de Marília que são referências para sintomáticos respiratórios, terão um protocolo municipal para prescrever hidroxicloroquina, associada a antibiótico e anticoagulante em doses mínimas, para tratar possíveis casos de Covid-19, mesmo antes da confirmação da doença.
O tratamento com o medicamento – que é alvo de polêmicas por não ter comprovação de benefícios – só vinha sendo adotado na cidade em casos de pacientes internados.
O novo protocolo foi definido esta semana pelo Comitê Médico de Enfrentamento à Covid-19, que reúne profissionais de medicina de todos os hospitais de Marília, serviços de pronto atendimento, representante da atenção primária e assistência farmacêutica do município.
Até a próxima semana serão divulgados os detalhes do novo protocolo, com dosagem de cada droga e tempo de utilização. Os pacientes sintomáticos, que devem ficar em isolamento domiciliar, receberão os remédios em casa.
Polêmica
Desde maio o Ministério da Saúde já prevê o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina no tratamento precoce de pacientes com Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS). Em junho, o Governo Federal estendeu orientações de uso a crianças e gestantes.
Segundo fonte ouvida pelo Marília Notícia, há entre os médicos do Comitê alguns que defendem – para os pacientes com sintomas leves – o uso de máscaras, isolamento social, intensificação dos cuidados de higiene e observação dos sintomas.
Já outros (que se tornaram a maioria) acreditam que é preciso adotar todos os cuidados acima e também iniciar o tratamento com fármacos – incluindo a hidroxicloroquina – antes que haja agravamento do quadro e internação.
A definição de um protocolo foi comunicada ao Conselho Municipal de Saúde (Comus). O MN procurou a secretaria municipal da Saúde, que confirmou a discussão e aprovação da nova medida.
A coordenadora de serviços administrativos da pasta, Ednalva Nascimento, explicou que médicos não são obrigados a prescrever nenhum medicamento. Os protocolos têm efeito de orientação.
“É uma situação muito nova (em relação ao vírus), então não houve tempo para todos os estudos clínicos necessários para comprovação inequívoca dos benefícios da hidroxicloroquina, por isso o assunto acabou virando um tabu”, explicou.
Conforme Ednalva, todo paciente – não apenas em relação a este medicamento – é livre para acolher ou rejeitar determinado tratamento medicamentoso, após receber as orientações do médico.
Embora o tratamento com hidroxicloroquina passe a ser admitido também a pessoas com sintomas leves, a coordenadora da Secretaria da Saúde alerta para a automedicação.
“A prescrição é fundamental. O médico indica a dosagem e os intervalos. Isso é feito com responsabilidade. Não se deve tomar nenhum medicamento sem receita”, alerta.