População adota praça e pede apoio para infraestrutura
Moradores da zona Oeste de Marília assumiram boa parte da manutenção da praça multiuso do Jardim Cavallari. Quase diariamente entre três e quatro pessoas regam mais de 100 mudas de árvores plantadas no local.
O grupo também tem colocado proteções em volta dos pés de plantas em desenvolvimento, para tentar evitar que a ‘molecada’ as destruam jogando bola ou correndo, por exemplo. “Também tem gente que estraga as plantas só por estragar”, dizem os engajados.
De acordo com eles, muitas mudas foram plantadas pelo poder público e organizações não governamentais, mas esquecidas, sem água, não vingaram. As que sobraram e outras replantadas estão indo para frente com a ajuda da “turma da praça”.
Eles começaram com as ações entre dois e três meses atrás. Em maio, por exemplo, choveu 68% menos do que a média histórica para o mês, segundo dados da Defesa Civil do Estado de São Paulo: apenas 18,6 milímetros em quatro dias com precipitações.
Em abril, a situação foi ainda pior. Choveu apenas três dias, que acumularam 17 milímetros, enquanto a média climatológica para o mês é de 65, 3 milímetros. O desvio foi negativo em 74%.
Problemas
Um dos obstáculos enfrentados pelos voluntários é a existência de uma única torneira no amplo terreno, o que exige que eles façam diversas vezes os trajetos para conseguir “matar a sede” de todas as mudas.
Outro problema observado pelos voluntários é a falta de lixeiras no local. Só existem duas e não é feita a coleta regular, então vinham ficando lotadas com material de descarte transbordando. Os moradores, preocupados com a praça, têm recolhido a sujeira dos outros.
Toda quarta-feira acontece em uma das ruas que passa ao lado da praça multiuso, uma feira noturna. O problema é que muito lixo produzido no local acaba ficando por ali mesmo nos dias seguintes. São os mesmos moradores que têm recolhido.
Eles pedem que a administração destaque funcionários para limpeza mais constante da praça. Uma ideia dada é que sejam colocados sacos nas lixeiras, para que lixeiros os levem.
Em frente da praça existe uma escola municipal, com funcionários que também poderiam ajudar, de acordo com sugestão do grupo.
Voluntários
Orlando Giglioti Filho, aposentado de 63 anos, morador das proximidades da praça, conta que a iniciativa começou com um amigo dele “o seu Pedro, replantando todas as mudas que estavam mortas”. “Nós, como temos tempo, começamos a cuidar devagarzinho”.
De acordo com ele, além das pessoas que sempre participam, alguns cidadãos que caminham na pista de cooper eventualmente colocam “as mãos na massa” em uma espécie de círculo virtuoso. “Acredito que, a gente dando o exemplo, a tendência é o pessoal começar a ajudar mais”.
Antônio Francisco Pereira está afastado por problemas médicos, mas está sempre ajudando a cuidar das plantas na praça multiuso, com admirável dedicação. São quase duas horas para regar todas as mudas.
“Nos arrumaram um carrinho de feira para ajudar a carregar as garrafas de água. Agora consegui uma carriola”, diz Antônio. Para ele, mais pontos com torneira ajudariam muito o trabalho do voluntariado.
A esposa de Antônio, Maria Marta Semeghini Pereira, 57 anos, acompanha o marido. Eles carpem, adubam e estão fazendo alguns canteiros. “Eu sempre falei pro Antônio que tinha vontade de cuidar de praças e plantar árvores”.
Ela se inspira em outras cidades, muito mais arborizadas que Marília. “Vimos o seu Pedro e o seu Orlando cuidando daqui e começamos a ajudar. O pessoal tem todo um método para regar. Levávamos três horas e sete voltas na praça para regar tudo, mas estamos fazendo mais rápido já”.
Outro lado
Em nota, a Prefeitura disse que “por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e de Limpeza Pública, irá verificar in loco a situação da praça. O secretário Vanderlei Dolce irá até o local. Com relação aos dias de feira, a secretaria irá pedir um reforço na limpeza do local”.