Operação investiga fraudes e formação de quadrilha na Famema
Agentes da Polícia Federal (PF) em Marília deflagraram na manhã desta quarta-feira (8), a Operação Esculápio (que na mitologia greco-romana representa o deus da Medicina e da cura), que visa apurar irregularidades ocorridas em licitações e contratos firmados pela Famar (Fundação de Apoio à Faculdade de Medicina de Marília) com empresas prestadoras de serviços médicos.
A Famar atualmente tem um orçamento anual de R$ 200 milhões. A fundação é a responsável por gerir os recursos do SUS para os hospitais e ambulatórios administrados pela Famema (Faculdade de Medicina de Marília).
Segundo delegado chefe da PF de Marília, Fernando Augusto Battaus, a investigação começou através de cópias de um inquérito civil fornecidas pelo promotor Oriel da Rocha Queiroz do Ministério Público Estadual (MPE), que já averiguava supostas fraudes na criação da fundação.
Ainda de acordo com as informações, o MPE apurou que haviam desvios de dinheiro público que era repassado pelo governo federal através da Fumes (Fundação Municipal de Ensino Superior de Marília).
O Ministério Público Federal (MPF) entrou em cena juntamente com a PF, e hoje pela manhã, munidos com mandados de busca e apreensão, centenas de documentos e dispositivos de memória de computadores foram apreendidos pelos policiais em 12 endereços na cidade, incluindo a sede da Famema (Faculdade de Medicina de Marília) e da Famar. O trabalho teria começado 6 meses atrás e escutas telefônicas também foram usadas no trabalho de investigação.
“Juntamente com o MPF apuramos indícios de fraudes em licitações em clínicas médicas da cidade. Essas clínicas, que na verdade são de propriedade de diretores e professores da Famema, prestam serviços que deveriam em tese ser oferecidos diretamente pelo Hospital de Clínicas. É uma relação clara de ilegalidade e imoralidade o que ocorre hoje na instituição”, disse o delegado Fernando Battaus.
Segundo o procurador da república Jefferson Aparecido Dias, além das supostas irregularidades com as clínicas, há indícios também de fraudes em compras de próteses, equipamentos médicos, locações de imóveis, pagamentos de plantões, entre outras coisas.
“Agora vamos analisar os documentos apreendidos e esperamos que nos próximos 15 dias já tenhamos alguma coisa para propor as ações cabíveis”, explicou o procurador.
O delegado da PF finalizou alertando que funcionários de todas as hierarquias da Famema estão envolvidos no esquema: “Há indícios que não só a alta cúpula que participou das irregularidades. A operação envolve pessoas de todos os níveis”.
Nenhum nome foi citado até o momento, mas se comprovadas as irregularidades, os acusados poderão responder por peculato, improbidade administrativa e até formação de quadrilha.
Em comunicado à reportagem do Marília Notícia, a diretoria da Famema disse que a instituição está aberta a qualquer investigação ou operação, nas esferas policial ou judicial, em âmbito municipal, estadual ou federal.
“A instituição e seus diretores foram surpreendidos na manhã desta quarta-feira, dia 8 de julho, com uma operação da Polícia Federal. Através de mandado de busca e apreensão, documentos e dispositivos de memória de alguns computadores foram disponibilizados aos integrantes da operação. A diretoria da Famema enfatiza a transparência da gestão administrativa da instituição e ressalta que todos os contratos e balanços financeiros da Instituição são auditados pelo Tribunal de Contas”, disse em nota.
Crise na Famema
O Hospital das Clínicas de Marília passa por uma grave crise. Recentemente, os diretores Famema inclusive pediram verbas para o Estado para poderem cumprir os repasses prometidos para janeiro e também para reposição salarial dos funcionários.
A crise financeira do complexo piora a cada dia e tem afetado milhares de pessoas em toda a região de Marília. Devido à gravidade da situação, muitos pacientes têm sido dispensados por falta de material básico, desde os remédios mais simples até materiais de limpeza.
Postado 8h43 e atualizado 16h33