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qua. 13 maio. 2020

Podcast ajuda autistas a lidarem com o isolamento

por Agência Estado

Nillo Valle, de nove anos, tem autismo, é epiléptico e está passando por dificuldades para se adaptar às mudanças impostas pela quarentena no dia a dia. Como pessoas com o transtorno prezam por uma rotina fixa e regrada, a pandemia virou um problema para muitas delas. Assim, a mãe do garoto, Lorena Valle, tenta lidar com as questões emocionais do filho com a ajuda do Introvertendo, primeiro podcast brasileiro feito por autistas para autistas. Em todo o Brasil, estima-se que há sete milhões de pessoas com o espectro.

Com temas sobre autoestima e formas de melhorar o convívio social, a iniciativa se transformou numa ferramenta interessante para esse público driblar as dificuldades em meio ao isolamento. “Meu filho é do grupo de risco, por conta da epilepsia, e esse cenário de pandemia o abalou muito emocionalmente. Está sendo difícil lidar, mas o podcast o deixa menos ansioso, ajuda no humor e mostra para ele que não é só ele que está enfrentando dificuldades neste momento”, conta a mãe.

De acordo com um dos criadores do podcast, Tiago Abreu, o conteúdo é uma forma de representatividade que ganha ainda mais relevância em um momento como o de agora. “Um ponto chave para nós, autistas, é a busca por previsibilidade para lidar com um mundo imprevisível, sobretudo nos dias atuais”, afirma.

“Os feedbacks que mais temos recebido são de autistas preocupados com questões de saúde mental e com a continuidade do tratamento durante a pandemia. Então, quando produzimos roteiros falando sobre o que a gente sente em meio a essa crise, as pessoas se identificam e trazem reflexões”, explica.

Um dos episódios que vem ajudando os seguidores durante o confinamento é o Lidando com o Perigo, no qual os locutores discutem questões de agressividade e dilemas emocionais importantes para enfrentar as privações do distanciamento social com equilíbrio.

A relevância desse capítulo se reflete na atual realidade dos consultórios. Segundo a psicóloga e doutora em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP), Tauane Gehm, é comum entre autistas casos de agressividade e estereotipia – ações repetitivas como o balanço do corpo – quando ocorrem alterações extremas na vida.

Em home office, ela vem atendendo crianças com sinais de sofrimento desde que a quarentena começou. “[Aparecem casos de] maior necessidade de atenção, aumento da irritabilidade, choro fácil, mudanças no padrão de sono, medo da morte de entes queridos e desinteresse geral pelas atividades e brincadeiras”, conta.

Representatividade

Marcos Petry, dono do canal do YouTube Diário de Um Autista, conta que o engajamento de seu canal cresceu com a quarentena. “Canais como o meu, de autistas para autistas, ajudam a minimizar o estresse e melhorar a convivência das famílias. A partir do momento que percebemos que o lar pode prover estímulos para nós, nosso engajamento em conteúdos digitais desse tipo cresce”, afirma.

Recentemente, Petry fez uma live pelo YouTube com autistas e pais para falar sobre o desenvolvimento desse público em meio às restrições sociais. Durante a pandemia, ele firmou uma parceria com o terapeuta ocupacional Fernando Kalil para disseminar informações sobre o espectro. “Uma coisa que em outros tempos não era tão abordado na comunidade autista virtual é o preparo para cenários adversos. Isso é interessante, pois nos faz ficar mais confortáveis perante a frustração [causada pela quarentena]”, analisa.

Tiago Abreu concorda com o colega. No caso do podcast Introvertendo, a equipe busca democratizar os episódios com um grupo variado de locutores. Os capítulos são protagonizado por dez autistas, de 20 a 40 anos. Alguns são pais e casados, outros solteiros e a maioria tem depressão, ansiedade ou superdotação – características frequentes entre quem está no espectro. “Essa dinâmica gera representatividade. Hoje há várias discussões pautadas em questões étnicas, LGBTs, mas raramente existe isso entre pessoas com deficiências ou transtornos”, reflete.

O publicitário Ricardo Oliveira, de 27 anos, tem grau leve de autismo (Síndrome de Asperger) e se sente relaxado, na quarentena, quando escuta o Introvertendo. “Traz calma e identificação. Uma coisa é você consumir conteúdo feito por quem não está no espectro, outra é acompanhar vídeos e produções em áudio feitas por pessoas parecidas com você. Cria-se uma sensação maior de que a pessoa te entende, que sente o que você sente”, relata.

Abreu afirma que é comum no Spotify o público começar a se engajar do primeiro episódio, de 11 de maio de 2018, em diante, até mesmo por questões de linearidade, metodologia e periodicidade prezadas pela comunidade autista. Assim, os seguidores vêm absorvendo, durante a pandemia, conteúdos diversos que, apesar de não estarem diretamente ligados à crise do coronavírus, ajudam a refletir sobre o passado, presente e futuro com assuntos sobre a infância, sexualidade, vida universitária, sofrimento, religiosidade e comportamento na internet.

“Nosso desafio é discutir o autismo no sentido cotidiano, porque as pessoas falam do futuro, de tratamentos, para ajudar autistas, mas temos que falar sobre o agora com o nosso público e sobre problemas que vêm ocorrendo neste momento”, diz Abreu.

Um futuro esperançoso pela frente

Não há dados oficiais sobre quantos autistas vivem no Brasil e tampouco se sabe a realidade socioeconômica e as dificuldades enfrentadas por esse público. Por enquanto, estima-se que há 2 milhões de pessoas com o espectro em todo o País, com base em dados de organizações da sociedade civil.

Diante disso, o Projeto de Lei 139/2018, aprovado em 2019 no Senado, obriga censos populacionais a incluir nas pesquisas especificidades relacionadas ao autismo. De acordo com Marcos Petry, a iniciativa é importante para melhorar políticas públicas das áreas científicas, educacionais e de lazer voltadas para quem tem o transtorno.

“Ter dados detalhados sobre nossa comunidade ajudará também a universalizar serviços públicos, como filas preferenciais para autistas e salas de cinema adaptadas, com luzes mais baixas e áudios menos intensos. Essa lei é importante para que iniciativas hoje tocadas por ONGs sejam capitaneadas também pelo Estado”, explica.

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