Plataformas de streaming brasileiras apostam na segmentação
Mapear filmes antigos ou raros, incentivar a produção independente ou facilitar acesso a subgêneros específicos do cinema – são diversos os objetivos de novas plataformas de streaming que se assemelham à Netflix, mas oferecem produtos completamente diferentes. No Brasil, a tendência também começa a tomar forma: ao menos três grandes plataformas criadas por aqui já estão de pé.
Lançada em 2016, a Oldflix é uma iniciativa brasileira – mais especificamente, do Rio Grande do Norte. Com mensalidades de R$ 12,90, a plataforma oferece um acervo de clássicos “retrô” da TV e do cinema, como “A Marca do Zorro”, “Jornada nas Estrelas” e “King Kong”. À exemplo da Netflix, todo o conteúdo é transmitido por streaming, e pode ser assistido em qualquer aparelho conectado à internet e compatível com a plataforma.
Com proposta mais comercial, a Looke, que debutou em 2015, também funciona a partir de streaming de filmes e séries por demanda. Na plataforma, é possível fazer uma assinatura mensal por valores que vão de R$ 16,90 a R$ 25,90, e alugar ou comprar títulos específicos, a partir de R$ 1,89 e R$ 14,90, respectivamente. O catálogo é amplo: vai de “Tubarão” a conteúdos do Sesc TV, incluindo produtos destinados ao público infantil.
Com lançamento previsto para esta sexta-feira, 17, a Darkflix, do empresário Ernani Silva, quer atrair um segmento de público bastante específico: apaixonados por terror e ficção científica, principalmente por clássicos. No catálogo, estarão títulos como “Poltergeist – O Legado”, “A Dama Oculta” e “Amazing Stories”. “Sempre trabalhei com material segmentado, desde a época de distribuição de home vídeo em VHS”, conta o empresário. Após lançar uma revista voltada aos gêneros de horror e ficção científica, Ernani passou a trabalhar apenas com essa segmentação.
Foi uma crise que trouxe a gênese da plataforma. “Todo mundo acreditou que o mercado do DVD ia migrar para o Blu-Ray, mas isso não aconteceu”, conta Ernani. “Tentei montar um canal de TV segmentado, a cabo, mas era muito complicado.”
Agora, frente ao serviço de streaming, Ernani tem um projeto ambicioso. Além dos filmes disponíveis na plataforma, a Darkflix contará, também, com um canal de TV 24 horas, gratuito. E vai além: quadrinhos do gênero também ganharão espaço na plataforma
Os desafios são inúmeros: transmitir filmes antigos com qualidade, licenciar filmes nacionais e estrangeiros e chegar ao autossustento da plataforma são alguns deles.
De olho em públicos específicos, serviços de streaming precisam ter cuidado especial com a curadoria, afirma Ernani. “Minha preocupação é ter um diferencial, deixar o cliente surpreso”, conta. Para isso, a plataforma investe em ainda mais segmentação: “Descobrimos quase 80 categorias dentro da categoria do fantástico. A ideia é que, em algum momento, um cliente que goste de filmes de alienígenas, por exemplo, consiga especificar ainda mais o seu gosto, e encontrar nichos próprios dentro dessa categoria”, diz.