Pesquisa testa 229 marilienses e nenhum dá positivo para Covid-19
A primeira fase do estudo Epicovid19-BR entrevistou e testou 229 marilienses escolhidos por sorteio entre os dias 14 e 21 de maio e nenhum deles deu positivo para o novo coronavírus. O Marília Notícia teve acesso aos dados nesta segunda-feira (25) – para acessar o documento, [clique aqui].
O levantamento é realizado pela Universidade Federal de Pelotas, com financiamento pelo Ministério da Saúde e outras entidades através de parceria com o Ibope. Parte dos testes feitos em Marília foram furtados de um entrevistador na zona Sul, como mostrou o site.
Durante uma semana de coleta de dados em 133 cidades espalhadas por todos os estados do Brasil, os pesquisadores concluíram 25.025 entrevistas e testes para Covid-19.
Em 90 cidades, incluindo 21 das 27 capitais, foi possível testar pelo menos 200 pessoas selecionadas por sorteio.
Marília, portanto, está entre elas, mas em situação momentânea de menor disseminação da doença do que o identificado de modo geral – já que apesar dos 53 casos positivos confirmados pela Prefeitura nesta segunda-feira, o levantamento da Universidade Federal não encontrou doentes em meio à população ainda na semana passada.
Mesmo assim, é importante observar que o número de casos positivos passou a acelerar no município e a reportagem apurou que o poder público espera um aumento expressivo nos próximos dias.
Estudo
No conjunto dessas 90 cidades envolvidas no Epicovid19-BR, a proporção de pessoas com anticorpos, que significa que já tiveram ou têm o coronavírus, foi estimada em 1,4%, podendo variar de 1,3% a 1,6% pela margem de erro da pesquisa.
Esses dados já levam em consideração o tamanho da população de cada cidade e a validade do teste rápido utilizado. Essas 90 cidades correspondem a 25,6% da população nacional, totalizando 54,2 milhões de pessoas, entre as quais 760 mil (margem de erro de 705 a 867 mil) estariam infectadas.
Os resultados dessas 90 cidades não devem ser extrapolados para todo o país, nem usados para estimar o número absoluto de casos no Brasil, pois são cidades populosas, com circulação intensa de pessoas e que concentram serviços de saúde.
A dinâmica da pandemia, portanto, pode ser distinta da observada em cidades pequenas ou em áreas rurais.
Subnotificação
A comparação dos números estimados pela pesquisa e os números oficiais aponta para uma grande subnotificação do número de infectados pelo coronavírus.
No dia 13 de maio, véspera do início da pesquisa, essas 90 cidades somadas contabilizavam 104.782 casos confirmados e 7.640 mortes.
Assim, os dados do Epicovid19-BR estimam que, para cada caso confirmado de coronavírus nessas cidades, existem sete casos reais na população.
“De cada sete pessoas com o coronavírus, apenas uma sabe que está ou esteve infectada. Isso é preocupante, visto que as demais seis pessoas que não sabem da infecção podem, involuntariamente, transmitir o vírus para outras pessoas”, comentam os pesquisadores.
Trabalho de campo
Os principais motivos pelos quais não foi possível completar 200 entrevistas em 43 das 133 cidades, segundo os responsáveis pelo estudo, incluíram medidas de lockdown que restringiram a circulação dos pesquisadores, fake news sobre os objetivos da pesquisa, e dificuldades na coordenação e comunicação entre autoridades federais, estaduais e municipais.
Em Marília a Prefeitura foi pega de surpresa com a notícia da pesquisa. Moradores começaram a procurar o poder público para questionar sobre o estudo com medo de ser algum tipo de golpe.