Pesquisa aponta que melatonina pode inibir crescimento de tumores
A melatonina é comumente conhecida como o hormônio do sono, responsável por regular o ciclo da atividade de repouso e vigília. Nos últimos anos, porém, pesquisadores demonstraram que essa substância também tem o poder de reduzir o crescimento de tumores e a proliferação das células cancerígenas.
Por enquanto, os testes foram feitos em animais, então existe o alerta de que o tratamento em humanos ainda é incerto.
Uma revisão científica sobre a atuação da melatonina na prevenção e tratamento do câncer apontou que o hormônio tem papel oncológico nos casos de mama, ovário e próstata, por exemplo.
A ação positiva estaria relacionada, principalmente, ao efeito antioxidante do hormônio e inibidor da formação de vasos sanguíneos.
“O tumor cresce e ativa mecanismos de formação de vasos sanguíneos (processo chamado de angiogênese) para poder se alimentar. Percebemos que as células (cancerígenas) não cresciam, pois a melatonina segura o crescimento dos vasos”, explica Debora Aparecida Zuccari, coordenadora de um grupo de pesquisa sobre o tema da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP) (Famerp).
O time brasileiro trabalhou em parceria com pesquisadores do Hospital Henry Ford, de Michigan, nos Estados Unidos, para verificar os efeitos da melatonina no crescimento tumoral e na angiogênese em casos de câncer de mama.
Os cientistas injetaram células tumorais de humanos em ratos e, ao fim de 21 dias, as fêmeas tratadas com melatonina apresentaram tumores significativamente menores do que as do grupo de controle (sem melatonina).
Além disso, o câncer dos roedores que não receberam o tratamento cresceu entre o 14º e o 21º dia, enquanto isso não foi observado no grupo tratado.
Debora explica que a melatonina age como uma faxineira que, durante a noite, limpa a “sujeira” deixada pelas células. Estas sofrem milhões de processos metabólicos durante o dia e acumulam substâncias desnecessárias.
“Dessa forma, a melatonina consegue impedir que as células se proliferem, isso seria uma ação preventiva”, diz a pesquisadora.
No caso de pessoas com câncer que têm baixo nível de melatonina, a hipótese é que essa limpeza não ocorra devidamente, o que favorece a proliferação das células cancerígenas.
Segundo o estudo, baixa produção dessa substância causaria aumento na replicação de erros e mutações no DNA. Esse processo também estaria relacionado ao câncer metastático, que ocorre quando o tumor se espalha para outros órgãos.
A pesquisa que focou no câncer de mama comparou pacientes recém-diagnosticadas, mulheres passando por quimioterapia e enfermeiras que trabalham à noite com mulheres saudáveis.
Os níveis de melatonina eram ainda menores em mulheres que tinham metástase quando comparadas com as que não tinham esse agravante.