Penalizadas na pandemia, mulheres buscam voltar ao mercado de trabalho
Após passar os momentos mais críticos da pandemia, quando ainda não existia uma vacina contra a Covid-19 e o número de mortes era muito grande todos os dias, com interrupção de atividades e diversas limitações, aos poucos, as pessoas estão retomando sua rotina normal, que viviam antes da crise sanitária. Muitas mulheres perderam o emprego ou decidiram parar de trabalhar. Elas foram as mais penalizadas neste período, mas também estão retomando suas atividades.
Em todo o Brasil foram 6,6 milhões de mulheres que precisaram deixar a força de trabalho entre outubro de 2019 e o último trimestre de 2020, seja por demissão ou saída voluntária, que passaram a acompanhar os filhos em casa. Muitas escolas e creches precisaram fechar as portas, com muitas mulheres assumindo o papel de cuidadoras, acompanhando as crianças que ficaram em casa.
A advogada Tatiane Cristina praticamente parou de trabalhar nesses últimos dois anos. É que ela engravidou antes da pandemia e sua filha nasceu antes da Covid-19 chegar ao Brasil. Quando tudo parou, ela reduziu drasticamente a rotina de trabalho, para cuidar de sua bebê, enquanto o marido seguiu trabalhando.
“Tive que reduzir minha rotina de trabalho por causa da bebê. Logo em seguida veio a pandemia e ficamos trancadas dentro de casa. Mesmo não saindo, evitando ao máximo o contato com outras pessoas, pegamos o vírus, mas passamos bem por isso. Hoje ela já está estudando e estamos mais próximos da normalidade, mas ainda não consegui retomar o meu trabalho como era antes. Já enviei alguns currículos e pretendo retomar logo minha carreira”, disse a advogada.
De acordo com dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), no primeiro ano da pandemia em Marília, foram registradas apenas 11.752 admissões de mulheres. Já no ano seguinte, quando as mortes aumentaram, mas muita gente já estava vacinada e tentando retomar a vida de uma forma mais normal, foram 16.264 novas contratações com carteira assinada, totalizando 4.512 mais empregadas, ou 38%.
O saldo entre demitidos e empregados ficou positivo para as mulheres, nos dois anos, mas em 2020 foram apenas 729 contratações a mais que demissões (11.023), enquanto em 2021 foram 2.763 mais contratadas do que demitidas (13.501). A diferença de um ano para o outro no saldo foi de 279%.
Entre os meses de abril e dezembro do primeiro ano da pandemia, segundo os dados do Caged, quase 95 mil vagas ocupadas por mulheres foram eliminadas no país. Em Marília, os principais meses de 2020 que tiveram retração nos empregos de mulheres, foram os três primeiros da pandemia. Foram 191 demissões em março, 554 em abril, 253 em maio e 56 em junho.
Neste ano, nos quatro primeiros meses do ano, divulgados pelo Caged, já foram 5.112 contratações de mulheres, contra 5.705 contratações de homens. Foram demitidas 5.186 mulheres e 5.422 homens. O saldo total do ano é positivo em 209 empregos.