‘Economizo e ganho saúde’; marilienses investem no pedal
Deixar o carro ou a moto na garagem e sair de casa pedalando para o trabalho ou compromisso do dia a dia. Essa tem sido a escolha de um número cada vez maior de pessoas. O preço galopante dos combustíveis e os custos para manter um veículo tornam essa alternativa ainda mais inteligente.
Está muito enganado quem pensa que a “viagem não rende”, que o tempo é o grande adversário de quem usa a bicicleta. A cada volta no pedal, metros preciosos, um após outro, são superados rapidamente por quem decidiu economizar dinheiro e acumular saúde.
Daniele Prado, de 39 anos, é auxiliar administrava em um hospital em Marília. Ela mora na zona rural, em uma propriedade que fica cerca de dois quilômetros do perímetro urbano e nove do trabalho.
Logo no início da pandemia, ela comprou uma bicicleta. Muita gente duvidou e achou que a nova rotina não ia durar muito tempo.
“Tem uma estrada de terra, um trecho de serra, então meu marido me leva, com a bicicleta no carro, até o asfalto (zona Sul). De lá eu vou pedalando até o Centro, onde fica o hospital que trabalho. Tem sido assim há 14 meses. Foi a melhor coisa que eu fiz nos últimos tempos”, relata Daniele.
A economia chega a R$ 300 por mês. No início, o foco era a saúde, com o tempo ela percebeu o impacto no orçamento e não largou mais a “magrela”. Foi o encontro do útil com o agradável.
“Não gosto de academia. Já me matriculei em várias, em diferentes modalidades. Sempre o mesmo resultado negativo. Pagava seis meses, frequentava dois. Não dava certo. Minha ideia foi o exercício físico, poupar o meio ambiente. Depois comecei a fazer contas. O valor do combustível já era terrível, agora está insuportável”, comenta.
Em poucos meses – antes de contrair Covid-19 – a auxiliar administrativa já tinha melhorado vários aspectos de sua saúde. Ela acredita que a amiga de todas as manhãs e tardes foi um fator relevante para a recuperação.
“Em relação à época de sedentarismo, melhorei a respiração, a resistência. Emagreci um pouco, mas o que foi mais importante para mim foi o aumento da minha resistência. Percebi também uma melhora na força muscular”, relatou.
A saúde mental é outro fator destacado pelos ciclistas. Quem pedala observa mais. Vê pessoas, a vida urbana, a natureza. Não por acaso, na volta para casa, Daniele dispensa a carona do marido.
“De carro, muita coisa passa despercebida. A gente que anda de bicicleta sente mais a cidade, a vida acontecendo. Viu uma cena legal, algo bonito? Para e tira foto. Eu amo pedalar. Recomendo para todo mundo. Não tem contraindicação”, brinca a auxiliar administrativa, que pedala 15 quilômetros por dia.
CICLOVIAS
Com um número cada vez mais de pessoas de bike, torna-se urgente adaptações no trânsito, para receber essa nova demanda. Um trânsito mais acolhedor para os ciclistas tende a prevenir acidentes, tornar mais ágil o deslocamento de quem pedala e até estimular mais pessoas a abraçarem o transporte sustentável.
Em Marília, a avaliação é que não há nenhuma ação pensada para esse público. Os únicos quilômetros de ciclofaixa por toda a cidade estão na avenida Cascata – Radial Leste – que não é uma via de grande interesse logístico – ao menos atualmente – para quem usa a bicicleta para ir ao trabalho ou compromissos diários.
Nas principais avenidas, as “magrelas” disputam espaço com os veículos motorizados, muitas vezes, contando apenas com a acuidade visual dos motoristas e bom senso, em corredores lotados e com trânsito rápido.