Paschoalotto segue sem previsão de retorno após ataque
Uma das empresas com o maior número de funcionários em Marília e região, a Paschoalotto Serviços Financeiros segue com as atividades paralisadas, desde o dia em que sofreu um ataque hacker e quase teve os dados sequestrados. A expectativa dos colaboradores era que o trabalho fosse retomado ainda nesta semana, mas a empresa ainda está em fase final de testes, sem uma previsão de retorno, e acumula prejuízos milionários.
De acordo com trabalhador ouvido pelo Marília Notícia, que prefere não se identificar, alguns funcionários participaram de uma reunião nesta quarta-feira (16) e foram comunicados que ainda não havia previsão para retorno. Ele conta que houve a tentativa de retorno ao trabalho, mas depois de um teste, não foi possível prosseguir com as atividades.
“Essa história de que tentaram hackear e não conseguiram, acho que não estão passando a real situação para nós. Como que não conseguiram e a gente não pode voltar a trabalhar? Hoje só tinham os porteiros e esse pessoal por lá. Disseram que não vão descontar o salário, mas esses dias ficarão em banco de horas negativo e teremos que repor essas horas depois”, afirma ao Marília Notícia.
A fonte ouvida pelo MN revelou que o vale-alimentação é recebido por dia trabalhado, no valor de R$ 14,75 por uma parte dos funcionários. Alguns com mais tempo de trabalho recebem um pouco mais. Em relação ao benefício, o colaborador da Paschoalotto foi informado que não vai receber, assim como o vale-transporte de R$ 9 por dia. Ele reclama que os R$ 69 do vale-transporte que são descontados por mês, continuarão sendo descontados do mesmo jeito.
“Alegaram que não há previsão de demissões e que, pelo contrário, vamos precisar voltar com tudo para recuperar o tempo perdido. Quem está com férias para dezembro, será o direito mantido. Mas, a partir de janeiro, [a empresa] não deve conceder para corrermos atrás do prejuízo. Tenho certeza de que não foi só uma tentativa (do sequestro de informações). O prejuízo é muito grande”, conta o funcionário.
O trabalhador ainda diz que são 17 mil funcionários em quatro cidades (Marília, Bauru, Ribeirão Preto e Agudos). Ele conta que o sistema começou a apresentar problemas na sexta-feira, 4 de novembro. No dia 7, quando chegaram para trabalhar, percebendo que não conseguiam, foram dispensados e permanecem em casa desde o dia 8. A Paschoalotto presta serviços para diversos bancos.
“Tem dias que só o banco em que eu trabalho chega a receber R$ 1 milhão. Teve um dia em que batemos o recorde e recebemos R$ 2 milhões”, revela o funcionário. O prejuízo diário com a inatividade supera a casa dos milhões.
Procurada, a Paschoalotto reafirma não houve sequestro de dados e informações. Por meio da assessoria, a empresa destaca que a retomada é realmente demorada, pois são necessários vários processos de checagem de segurança.
Em nota divulgada na semana passada, que é ainda é mantida como resposta oficial, a empresa informou que “foi vítima de uma tentativa de ataque cibernético. Todo departamento de segurança interno e consultorias agiram rapidamente e seguem trabalhando para restabelecer suas operações o mais breve possível. Nenhuma outra ocorrência foi constatada quanto à segurança de dados.”