Parte de Marília tem paralisação no transporte público
Motoristas da empresa de transporte público Grande Marília, que atua nas zonas Norte e Leste da cidade, iniciaram uma paralisação nesta terça-feira (23) motivada por atraso salarial. A empresa alega cofres vazios e necessidade de reajustar a tarifa.
A Associação Mariliense de Transporte Urbano (AMTU), que representa as duas empresas de transporte público em atuação no município, protocolou em dezembro do ano passado um ofício solicitando o aumento de R$ 3,80 para R$ 6,24.
A diferença é de R$ 2,44 por passagem, o que representa um aumento de 64,2%. Até o momento, no entanto, não houve resposta da Prefeitura sobre o assunto.
O último reajuste aconteceu em março de 2019, após quatro anos, quando houve o acréscimo de R$ 0,80 na tarifa que era de R$ 3 – o equivalente a 26,6%.
“A Grande Marília lamenta a paralisação, mas com uma tarifa congelada desde março de 2019, sem nenhum auxílio emergencial da Prefeitura durante o período de pandemia e tão pouco uma avaliação quanto ao pedido de reajuste já protocolado, não há mais fluxo de caixa para o pagamento dos salários”, consta em nota oficial da empresa.
“Sem auxílio da Prefeitura não tem como haver previsão para o pagamento”, termina a declaração da Grande Marília.
Sindicato
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Motoristas de Marília e Região, Aparecido Luiz dos Santos, o salário do mês de janeiro deveria ter sido pago no quinto dia útil. Até agora, no entanto, só foi quitada 40% da folha de pagamento.
“Os ônibus não vão rodar enquanto não nos chamarem para conversar. Estamos esperando uma resposta sobre o pagamento da Grande Marília para reunir os motoristas em assembleia e decidir como vai ficar”, disse o sindicalista.
De acordo com ele, a Prefeitura de Marília foi avisada sobre a paralisação em reunião no dia 12 de fevereiro.
Aparecido explica também que a paralisação envolve apenas os motoristas da Grande Marília. Já aqueles que trabalham para a Sorriso Marília, a outra empresa de transporte público em operação na cidade – zonas Sul e Oeste – seguem trabalhando.
Prefeitura
O prefeito Daniel Alonso (PSDB) está em Brasília (DF), onde gravou um vídeo para comentar a paralisação dos motoristas. O chefe do Executivo mariliense quis deixar claro que não se trata de “um problema da Prefeitura e muito menos do prefeito”.
“Isso é um problema das empresas com seus funcionários. Das empresas, com suas obrigações, principalmente a de pagar o salário de seus funcionários”.
De acordo com ele, desde março do ano passado ambas as empresas vêm procurando a administração “em busca de ajuda, de subsídios, ou seja, de equilíbrio financeiro”.
“Evidente que eu não posso pegar recursos do município para ajudar essas duas empresas. Não posso tirar dinheiro da saúde, da educação, do asfalto, da água, do esgoto e transferir para essas empresas”, disse Daniel.
Segundo o prefeito, houve um “desequilíbrio” em decorrência da pandemia e “as empresas estão transportando menos de 50% do que transportavam”. Esse problema, no entanto, seria nacional.
Daniel também descartou o aumento de tarifa no patamar solicitado pela AMTU. “Não posso admitir uma tarifa neste valor. A população vem sofrendo muito, desemprego, inflação, a situação está muito difícil”.
No final do vídeo, o tucano aproveitou para ameaçar as empresas quanto à continuidade dos contratos, em caso de manutenção da paralisação.
“Esperamos que as empresas resolvam essa pendência com seus colaboradores e voltem a trabalhar o quanto antes, sob o risco de suspendermos esses contratos e chamarmos uma nova ou novas empresas para trabalharem em nossa cidade”.