Parte de Marília fica sem água mais uma vez; rotina de falhas irrita população
A concessão dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Marília para a iniciativa privada, apontada como solução para a incapacidade do município em fornecer água limpa de forma contínua à população, parece não estar surtindo o efeito esperado. Desde que a vencedora da licitação, a RIC Ambiental, assumiu a gestão, há cerca de quatro meses, os problemas persistem. A população segue enfrentando falta de água e outros transtornos, acumulando 14 episódios de interrupção de serviços – uma média de quase quatro problemas por mês.
O episódio mais recente ocorreu neste final de semana e, pior, sem qualquer satisfação prévia aos usuários. Um morador da zona sul relatou ao Marília Notícia que, além de estar sem água desde sábado (11), não conseguiu contato com a empresa. “Estamos tentando falar com a bendita Ric, mas ninguém atende”, desabafou.
Somente no domingo (12) a concessionária se manifestou, informando que bairros como Nova Marília 3, Jardim Nacional e adjacências estavam sem água desde sábado, atribuindo o problema às descargas elétricas provocadas por uma forte chuva que atingiu a região.
Esse padrão de justificativas se repete desde o início da operação. No dia 29 de outubro, por exemplo, o desabastecimento que atingiu o centro, os bairros Acapulco, Canaã, Flamingo, Universitário, além de partes das zonas sul e norte, foi atribuído ao rompimento de uma adutora do primeiro recalque. Já no dia 2 de novembro, a queda de energia interrompeu temporariamente as bombas de captação do Sistema Rio do Peixe, afetando os reservatórios R-2 São Luiz e R-4 São Miguel.
Outros episódios ocorreram em novembro: no dia 8, uma quebra na rede comprometeu o abastecimento na região do aeroporto; no dia 10, a queima de uma bomba deixou moradores de Palmital, Núcleo Habitacional Castelo Branco e Distrito Industrial Santo Barion sem água; no dia 14, uma nova queima de bomba afetou a zona sul, e o mesmo problema se repetiu no dia 16, atingindo o distrito de Dirceu. No dia 30, uma instabilidade elétrica impactou novamente o Sistema Rio do Peixe.
Em dezembro, as falhas começaram logo no dia 1º, com um vazamento causado por terceiros na Rua Heisaku Okumura, no bairro São Miguel. No dia 9, moradores do Marina Moretti ficaram sem água devido ao furto de fios de energia por usuários de drogas, o que causou uma pane elétrica. No dia 12, outra quebra de rede interrompeu o abastecimento nos bairros prolongamento Palmital, Castelo Branco, Vila Barros, Silva Ribeiro, Lavínia e adjacências. No dia 15, uma ruptura em tubulação deixou toda a zona sul sem água.
Em janeiro, o primeiro problema foi registrado no dia 5, afetando os moradores do Maracá, devido a uma “falha em um equipamento elétrico (booster) que estava desligado”, segundo a RIC Ambiental. No dia seguinte, 6 de janeiro, moradores do Condomínio Pedra Verde relataram transbordamento de esgoto, causado por problemas técnicos em uma bomba elevatória do sistema de esgoto.
Com a terceira falha registrada neste final de semana e ainda 18 dias para o fim de janeiro, faltam apenas mais dois episódios para manter a média de cinco interrupções mensais que os marilienses têm enfrentado desde que a concessionária assumiu o serviço. Enquanto isso, a população segue sem respostas claras e efetivas para os problemas recorrentes.