Parada LGBT põe Paulista em clima de carnaval
São Paulo teve uma tarde de outono de carnaval na Avenida Paulista, promovida pela Parada do Orgulho LGBT. A festa de fevereiro deste ano foi relembrada com garrafa de catuaba na mão, purpurina no rosto, fantasia de unicórnio e maiôs em praticamente todos os 19 trios elétricos que atravessaram a via até uma Rua da Consolação lotada.
A única grande diferença da folia momesca esteve no destaque dado às bandeiras de arco-íris, símbolo do Orgulho LGBT. A diversidade manteve-se no público e também na trilha sonora. Além do axé de Daniela Mercury, que cantou ao vivo, ouviu-se sertanejo, samba, funk (com Deu Onda, sucesso do último carnaval) e muita música eletrônica. A Polícia Militar não fez um levantamento do número de participantes, mas a expectativa da organização era de reunir pelo menos 2 milhões.
Vinda do Ipiranga, no extremo sudeste paulistano, a estudante Letícia Dantas, de 22 anos, aproveitou todas as atrações com os amigos no mesmo espírito do carnaval. “Tem a parte política, lutar contra o preconceito, criminalizar a homofobia, que é uma coisa que eu defendo. Mas lógico que tem a festa também, que é muito legal”, disse a jovem.
De outro lado, havia também muitos curiosos que foram só acompanhar o evento. “(A Parada) é uma festa, mas também é para levar a mensagem da tolerância, do respeito. Por isso que a gente trouxe ele”, disse a professora Marta de Souza, de 39 anos, se referindo ao filho de 5 anos – que estava vestido com uma camiseta do filme Mulher-Maravilha e brincava com uma menina do mesmo tamanho, com a fantasia de princesa.
“Eu adorei, o pessoal é muito divertido”, afirmou a aposentada Aparecida Persi, de 78 anos, que veio pela primeira vez na Parada LGBT, acompanhada da irmã Thereza Persi, de 76. “Eu sempre via na TV e tinha vontade de vir”, contou Thereza.
“O importante é que todo mundo se sinta feliz, sendo o que é”, afirmou a estudante Mariana Reixelo, de 16 anos, também pela primeira vez na Parada LGBT. “Eu já vim umas dez vezes: adoro essa bagunça bonita”, rebateu a tia dela, a autônoma Katia Picolo, de 51.
Problemas
A única queixa que se ouvia era em relação à curta duração do show da cantora Anitta. “Não vim aqui só para ver a Anitta, mas queria ter ouvido ela também”, afirmou o analista de cobrança Rubens Lima, de 27 anos.
A cantora apresentou duas músicas em um dos trios, no começo da tarde, e depois saiu. No Twitter, disse que a divulgação de sua participação estava incorreta – não estaria prevista uma apresentação longa.
Como na festa do verão, também foi possível observar nas calçadas pessoas passando mal – pelo excesso de bebida. Uma tenda para atendimento de quem exagerou estava montada na entrada do Cemitério da Consolação, mas os números não foram divulgados.
Já a sala de imprensa da Polícia Militar informou que nenhuma ocorrência grave foi registrada até o fim da Parada.
Marilienses
Diversos marilienses também participaram da festa. “Tinha muita gente, mas muita gente mesmo e principalmente na Consolação estava impossível de se andar. Mas foi bem legal ver gays, lésbicas, trans representados. É uma coisa que não se vê no interior”, elogiou o mariliense Rogério Silva (nome fantasia).
Apesar da celebração, o mariliense disse também que viu confusão no local. “Rolou um arrastão na Paulista também. E na esquina com a rua Augusta os seguranças de uma agência bancária começaram a agredir as pessoas com cassetete e até uma bomba rolou”, lamenta.