Para astróloga Licina Soares, 2025 deve ser um ano bom e de mudanças para Marília
Aos 81 anos, a astróloga Licina Soares compartilha a sabedoria acumulada em décadas de experiência na espiritualidade, fé e simplicidade. Descendente de ciganos e natural de Avencas, distrito de Marília, ela traz em sua trajetória um profundo amor pela cidade e uma conexão singular com o mundo espiritual, marcada por encontros e desafios.
Apesar de criada na religião católica, frequentando igrejas e sendo “filha de Maria”, suas visões despertaram curiosidade e medo, tanto em si mesma quanto em sua própria mãe. Com o tempo, Licina abraçou seu dom. Um dos momentos mais marcantes de sua vida foi conhecer Chico Xavier, em Minas Gerais.
Licina se define como espírita, católica e umbandista, acreditando que “Deus está em todos os lugares”. Para ela, o essencial é fazer o bem, independente de sua crença, já que todas as religiões buscam o bem.
Ela encontrou um tempo para atender a equipe do Marília Notícia e contar um pouco de sua trajetória de vida. Também falou sobre o futuro de Marília, que passa a contar com uma nova gestão municipal a partir do dia 1º de janeiro de 2025.
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MN – Você começou como?
Licina – Com 15 anos, eu tinha muita curiosidade. Eu tinha uma tia que me deu um baralho. Ela me deu esse bendito baralho, porque a gente já vem de uma descendência do povo cigano. Meu avô era estrangeiro e veio da Austrália. Eu era filha de Maria, frequentava a igreja. Hoje estou com 81 anos. Eu sou espírita, sou católica, umbandista, gosto de tudo, sabe?
MN – Você é daqui mesmo de Marília?
Licina – Eu adoro Marília. Eu nasci em Avencas, depois fui para Pompeia e cresci lá, com a minha mãe e meu padrasto, que me criou. Depois, saí de lá quando eu me casei, com 17 anos. Vim para Marília, onde eu tive meus quatro filhos maravilhosos.
MN – Qual era a religião da sua mãe?
Licina – Católica. Eu também era católica. Eu fui filha de Maria, fui criada na igreja. Na hora que eu confessava para o padre, dizia que eu via as coisas e ele me fazia rezar 50 Pai Nosso e jogava água benta. Não tinha jeito, porque ninguém entendia aquele fenômeno.
MN – O que você via?
Licina – Eu previa as coisas de pessoas. Eu via realmente acontecimentos e ia avisar. Minha mãe começou a ficar com medo. Ela viajou comigo para várias cidadezinhas que eram perto aqui de Marília. Me levou para Cafelândia, Oriente e Garça. Na cidadezinha onde tinha benzedeira, ela levava. As benzedeiras chegavam e falavam assim: “Dona Maria, a sua filha é uma pessoa que Deus escolheu. Ela é uma pessoa escolhida, não adianta a senhora querer cortar o que ela está vendo.”
MN – Você tentou lutar contra isso no começo?
Licina – Não. Eu não entendia do espiritismo. Até então, na década de 1950, o espiritismo não era assim como hoje. Até o kardecismo era bem escondidinho, porque as pessoas já falavam mal.
MN – Melhorou com o passar do tempo?
Licina – Melhorou porque o Chico Xavier também tomou muita pancada. Ele só praticou a caridade e só fez o bem. Ninguém tem o que falar realmente do Chico Xavier. Porque ele continuou pobre. Ele era puro, né? A casa dele do jeito que era, quase igual a minha, azul também, sempre continuou.
MN – Você chegou a conhecer ele?
Licina – Eu fui visitá-lo duas vezes.
MN – Como que foi para você conhecer ele?
Licina – Eu fiquei radiante. Quando eu conheci, tinha me separado e tinha 37 anos. Eu fui morar em São Caetano do Sul e um dia me convidaram para viajar até Uberaba. Chegando lá, eu olhei bem para ele e eu estava em um estado precário, digamos assim. Um pouco revoltada também, até com a religião. Chegando lá eu desafiei ele, em pensamento. Eu pensei assim, se você é bom mesmo, o doutor Bezerra de Menezes sempre está comigo, então por que não me ajuda mais? Senão eu vou deixar de acreditar.
MN – E vocês conversaram nesse dia?
Licina – Ele dava palestra, parava para tomar o remédio dele e depois voltava. Quando voltou, chegou o menino perto de mim, que começou a me puxar e dizer que o Chico queria falar comigo. Eu não conseguia dar um passo, minha perna travou. Até que fui até ele, que me falou: “Oi filha, tudo bem? O doutor Bezerra me deu o recado.” Eu perdi a fala. Eu pedi desculpas, beijei a mão dele e falei que nunca mais ia duvidar. Ele falou para eu não duvidar mesmo.
MN – O que é preciso para realizar o seu trabalho?
Licina – Precisa ter aquele dom, mas aquele dom de verdade, porque senão você vai falar bobagem, besteira. Isso é o que não pode, em hipótese nenhuma. Tudo que é sagrado a pessoa tem que ter muita capacidade mental para não distorcer isso. Caso ela não conheça, não pode opinar.
MN – Qual diferença entre as religiões?
Licina – Nós somos todos iguais. Está entendendo? Deus está em todos os lugares. Ele não nega realmente o lugar para aquele que nele acredita e tem fé. Até aquele que não tem religião nenhuma e só faz o bem, mesmo não acreditando em Deus, estava fazendo aquilo que Deus gosta. Não adianta você estar todo dia na igreja, todo dia no centro espírita, todo dia no culto, se você não acreditar em Deus e se não fizer nada por ninguém. Uma vez conversei com Chico Xavier e ele me falou que eu podia fazer o que quisesse. “Você pode entrar na igreja que você quiser. Não é a igreja que te põe para fora, são as pessoas que estão lá dentro. Se alguém te falar alguma coisa, você deixa para lá, porque o problema é deles, não é seu”. Eu não esqueço essa palavra do Chico.
MN – Teve mais algum detalhe marcante nessa sua conversa com Chico Xavier?
Licina – Eu falei que era umbandista, mas também era do kardecismo e ele falou que era tudo a mesma coisa, que eu podia voltar para casa, mas pediu que usasse roupa azul durante três anos. Até hoje eu gosto de azul. Minha casa é toda azul por isso. A partir dali, as minhas coisas começaram a melhorar. Eu me levantei, me ergui, arrumei serviço, consegui comprar uma casa.
MN – Você sempre trabalhou com isso?
Licina – Quando me casei fui aprender a fazer um pouquinho de cabelo. Aí eu ajudava meu marido em casa. Fazia cabelo. Cortava um cabelinho aqui, fazia um pé ali, sabe? Fazia isso daí. E ficava em casa, costurava toda a roupa das minhas crianças, quando morávamos em São Caetano do Sul. Quando vim para cá, já me tornei espírita, kardecista. Trabalhei de domingo a domingo numa loja esotérica chamada Nirvana. Fui para a Rádio Mundial também. Conheci o Paulo Coelho e várias pessoas. Comecei a trabalhar com tarô, com as cartas e os búzios. Os búzios eu aprendi na Umbanda, com o Pai Ronaldo, que é consagrado. Os búzios são sagrados. Hoje em dia, uma pessoa compra um monte de búzios, põe na peneira e fala um monte de bobagem para as pessoas. Não é por aí não.
MN – Você sempre levou essa vida simples?
Licina – Se você acreditar, você não precisa de tanto. A gente não precisa de beleza, não precisa de uma catedral, a gente só precisa de um pedaço de chão, um banquinho para sentar, que nem banco Jesus tinha. Ele sentava no chão, debaixo de uma árvore e lá tinha multidão de pessoas. Eu acredito em todos os santos, conheço todos os santos.
MN – Tem muita gente sem preparo nessa sua área?
Licina – É o que mais tem, mas a pessoa vai para ganhar dinheiro. Não é o meu caso. Se eu ganhasse tanto dinheiro, estava numa mansão. Não engano ninguém. Você não pode deixar o dinheiro tomar conta da tua vida. Você tem que tomar conta dele, para ele não opinar sobre você. Porque senão, você não é nada.
MN – O que a gente pode esperar para Marília nesse próximo ano?
Licina – Marília estará muito bem. Aqui o Pai maior, o buzio maior é de Oxalá ou Jesus. Ele está aberto para Marília, porque ele está abençoando realmente essa terra, essa cidade, assim como o mundo também. E Jesus é isso, é aquele que faz tudo, é o homem que veio na terra se tornou um de nós, por todos nós. Agora, temos também o búzio de Oxum, que é Nossa Senhora Aparecida. Ela é das águas, é a ponte do brilho também das estrelas.
MN – Podemos esperar com um ano melhor em 2025?
Licina – O que a gente tem dos búzios, cada búzio tem um santo para Marília. Oxalá está abrindo todos os portais. Mudança vai ter, porque o Oxum, Nossa Senhora Aparecida, está realmente ajudando com o que tenha realmente as coisas do jeito realmente que está, para que haja realmente essa mudança. E essa mudança tem que vir. Agora nós precisamos abrir mais alas, que nem o Balu. O Balu é São Lázaro. Ele vai ajudar aqui também, mas vai mostrar o que é certo e o que é errado. Acho que vai ser um ano bom para cidade.
MN – O que podemos esperar do próximo prefeito de Marília?
Licina – Vamos ver a posse dele. O que ele prometeu, o propósito é de fazer de verdade. A gente está precisando. Ele vai fazer o possível e o impossível, principalmente para a saúde. Nós estamos precisando da saúde, né? Se a gente tem saúde, a gente corre atrás das outras coisas. Educação é outra área que é necessária. Para que essas crianças se formem realmente em adultos. Vamos esperar o melhor possível.
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