Pandemia muda rotina de garotas de programa em Marília
A pandemia tem afetado as mais diversas áreas da economia local, mas de formas diferente e com as peculiaridades de cada setor. Em Marília, as imposições da quarentena impactaram também o cotidiano das profissionais do sexo.
O Marília Notícia conversou com três garotas de programa esta semana sobre o assunto.
As restrições do isolamento social as afetaram de formas diferentes. Mas em todos os casos houve algum tipo de mudança na rotina.
Para uma delas, que pediu para não ser identificada, e trabalha somente em Marília, houve o crescimento da modalidade “sexo virtual”. “É vantagem sim. Não é mais barato, é o mesmo preço”, disse ao site.
No entanto, de modo geral houve queda na demanda de seus serviços entre 30% e 50%. Ela também percebeu uma mudança no perfil da clientela.
Antes a maior parte dos homens que entrava em contato estava na faixa dos 50 anos para cima. Esse grupo praticamente sumiu. “Idosos com medo do Covid-19”, comentou.
Questionada se os próprios clientes teriam relatado a preocupação com o novo coronavírus, ela confirmou. “Sim, vários”.
A jovem também disse ter percebido um aumento na procura por homens entre 20 e 30 anos, mas não soube dizer o motivo do crescimento pela demanda desta faixa etária.
Paloma
Outra moça com quem o MN conversou, que usa o nome Paloma Ferraz, disse ter sido afetada de outras formas pela pandemia.
Paloma contou também ter recebido propostas para sexo virtual. “Mas não senti a necessidade de me adequar pelo fato de os valores serem bem inferiores”, disse ela – o que diverge do relato dado pela outra garota.
O depoimento de Paloma também é diferente no que diz respeito à queda na demanda por seus serviços.
“A maioria dos meus clientes são fixos, eles continuam saindo”, comentou a mulher que atua em Marília e região.
De acordo com ela, não houve nenhuma mudança “na intimidade”, mas “estamos procurando nos cuidar da melhor forma possível sempre usando máscara e álcool em gel”.
Sobre a preocupação com o novo coronavírus, Paloma revelou que “tem sido um desafio pra mim até porque perdi minha tia com a Covid-19”.
Alice
Outra garota de programa que conversou com a reportagem, identificada apenas como Alice, relatou que trabalha em Marília e também em Londrina (PR).
De acordo com ela a procura de clientes através de sites especializados caiu significativamente durante a pandemia. Por outro lado, houve aumento na quantidade de contatos por meio de sua página no Instagram.
“Os clientes não são os mesmos do site. Clientes do Instagram são clientes que não foram afetados financeiramente pela pandemia, estavam de quarentena, com tempo livre”, observou Alice.
“Já os clientes de site, são na sua maioria clientes da classe trabalhadora, que continuam trabalhando normalmente. E com o orçamento um pouquinho mais apertado”, completou a jovem.
Ela disse ainda que alguns deles têm relatado a preocupação com a Covid-19, mas “não deixam de sair”.
Na média, entre a queda na procura por sites, e aumento na busca pelas redes sociais, Alice disse que acabou até mesmo havendo aumento na quantidade de programas. “Abril foi meu melhor mês do ano”.
Mas ela tem tomado certas precauções. “Não beijo nem aceito receber sexo oral pra não ter contato direto com a saliva”, detalhou.
No entanto, Alice também ponderou que “me preocupo em pegar corona assim como me preocupo em pegar qualquer doença sexualmente transmissível”.
“Talvez nessa área a Covid-19 seja o menor dos problemas. Quem tem medo de pegar doença não entra pra esse ramo. A gente se cuida. Eu me desdobro para não ter contato direto, mas quanto ao coronavírus, eu posso sair na farmácia e pegar”, afirmou.
Diferente das outras entrevistadas, Alice contou que não recebeu propostas para se exibir por meio de câmeras. “Cliente que é acostumado com atendimento presencial não se interessa por esse tipo de trabalho, eu acredito”.