Pandemia deixa até gestante com problema cardíaco sem assistência
A suspensão de atendimentos eletivos – aqueles agendados – na Saúde em Marília, em função da pandemia do novo coronavírus, tem gerado insegurança em quem precisa de acompanhamento especializado. A cidade tem caso até mesmo de gestante de alto risco sem o necessário apoio médico.
É o caso de Patrícia Iara Ferreira, de 33 anos, que há três anos descobriu uma doença cardíaca e teve que fazer dois procedimentos – implante de prótese na aorta e valvoplastia mitral. O primeiro, recorda, foi extremamente invasivo.
“Foi uma cirurgia de risco. Fiquei 30 dias no hospital, boa parte do tempo na UTI. Meu caso foi muito grave. Achei que ia morrer”, relata a mulher, que já tem outros dois filhos.
Agora ela está gravida de 29 semanas e além do pré-natal na unidade de saúde da rede básica – USF Altaneira – contava com acompanhamento no Ambulatório de Cardiologia da Famema (Faculdade de Medicina de Marília), instalado no antigo Hospital São Francisco.
“O médico cardiologista acredita que meu parto vai ter que ser antecipado. A cesárea será entre os dias 10 e 15 de maio, mas pra isso eu preciso da avaliação do especialista. Já estou sentindo falta de ar e está ficando muito complicado. Meu medo é de ir parar na emergência”, conta a gestante.
Ela relata que tinha consulta marcada para 18 de março, mas teve que faltar em função de uma audiência judicial previamente agendada. “Fiz contato com o ambulatório e me disseram que conseguiriam outra data. Mas agora me comunicaram (servidora do ambulatório) que, por causa do coronavírus, está tudo parado e não tem previsão”, lamenta.
Por conta das complicações cardiológicas, Patrícia terá que fazer nova cirurgia no coração depois do parto. Ela conta que mesmo tendo a cardiopatia controlada, em fevereiro precisou passar pela urgência do Materno Infantil e fez exame de ecocardiograma.
“É uma insegurança muito grande. É claro que estão corretos de ter cuidado com o coronavírus, mas parar o atendimento com especialistas desse jeito, é um erro. Temo entrar em trabalho de parto antecipado e chegar no hospital no meio de um plantão, sem pelo menos uma avaliação cardiológica”, diz a gestante.
O Marília Notícia entrou em contato com a assessoria de imprensa da autarquia HC/Famema, mas não recebeu retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço continua aberto para a instituição se manifestar sobre a interrupção dos atendimentos.