Pandemia acelera adoção de internet em áreas rurais
Com um aumento de 11 pontos percentuais em relação a 2019, o acesso à internet chegou a 82% dos domicílios em 2021, segundo a versão mais recente do TIC Domicílios, estudo que mede uso e hábitos dos usuários de internet no Brasil. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira, 20, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
O estudo captura o impulso à digitalização forçado pela pandemia. O crescimento no acesso foi observado em todas as classes sociais, mas o destaque ficou para as classes D e E: Enquanto em 2019 apenas 50% desses domicílios tinha acesso à internet, dois anos depois o número registrado foi 61%. Em 2015, apenas 16% dos domicílios de baixa renda possuíam internet.
De outubro de 2021 a março de 2022, o TIC Domicílios entrevistou face-a-face 21.011 pessoas de todo o país, marcando o retorno da pesquisa presencial após dois anos de pandemia da covid-19. A pesquisa registrou um aumento expressivo no número de domicílios com conexão na área rural, saltando de de 51% para 71%. Em área urbana, o acesso subiu de 75% para 83%.
“Ter acesso à internet não revela muito sobre a qualidade da conexão”, afirmou Fabio Storino, coordenador da TIC Domicílios. Ele aponta para o fato de que existem ainda muitas formas de conexão mais lenta e instáveis em áreas rurais. As conexões por rede móvel, satélite e rádio aparecem em proporção maior nos domicílios rurais que urbanos. Nas cidades, 64% dos domicílos têm como conexão a cabo ou por fibra óptica – no campo, esse número é de 39%.
Apesar da melhora na acessibilidade, mais de 35,5 milhões de brasileiros ainda não utilizam a internet. Essas pessoas se concentram nas classes D e E, nas quais a proporção de não usuários é de 34%. Em contrapartida, 138,8 milhões disseram se conectar diariamente.
Vitória do streaming
Entre os principais dispositivos de acesso, o celular continua na liderança desde 2015, abrangendo 99% dos usuários. Já o computador segue em declínio e cai de 42%, em 2019, para 36% em 2021. Quem ganhou espaço nos últimos anos foi a televisão: 74,5 milhões (50%) de brasileiros acessaram a internet pela TV. Dois anos atrás, o número era de 49,5 milhões de usuários (37%).
Comunicação, conteúdo multimídia, e busca por informações e serviços compõem as principais atividades realizadas online. O envio de mensagens instantâneas, como WhatsApp e Telegram, é quase unânime entre os usuários: 93% deles disseram utilizar a internet para essa atividade; assim como a realização de chamadas de voz ou vídeo e o uso de redes sociais, com 82% e 81%, respectivamente. Já o consumo de conteúdo em vídeo, como programas, filmes e séries e também musical foi relatado por 73% dos usuários. As “lives” ganharam 12 pontos percentuais em relação à 2016, chegando a 50%; enquanto as transações financeiras conquistaram a confiança dos usuários, crescendo de 33% em 2019 para 46% em 2021.
O vídeo tem sido o formato preferido para o consumo de conteúdo online. Com a popularização de plataformas como o TikTok e o impulsionamento do Instagram para conteúdos do tipo Reels (vídeos curtos de até 90 segundos), as redes sociais, com 47% dos espectadores, quase alcançam os sites e aplicativos específicos para compartilhamento de vídeos, como o YouTube, com 50%. Os serviços por assinatura somam 70 milhões de usuários e continuam em uma crescente: foram de 33% dos espectadores em 2019 para 38%. A classe C foi a que mais pagou pelo acesso a músicas, filmes e séries pela internet, contabilizando cerca de 6,5 milhões de usuários pagantes para música e 19 milhões para filmes e séries.
O estudo mostrou também um grande avanço no consumo de podcasts: 41,2 milhões de pessoas ouviram podcast em 2021 ante 17,7 milhões em 2019. O maior salto foi na classe C, de 8 milhões para 20,9 milhões.