‘Eu abracei meu filho morto’, desabafa pai do menino Lorenzo em entrevista
O pai do pequeno Lorenzo Febrônio Nunes, de apenas cinco anos, concedeu uma entrevista a um podcast que aborda crimes cometidos contra menores na última quinta-feira (15).
Paulo Henrique Nunes relatou os momentos de desespero vividos durante as buscas até o encontro do corpo do filho. Em toda a entrevista, esteve com uma camiseta do filho nos ombros.
O crime chocou a cidade de Marília e causou comoção devido à brutalidade do caso.
Na entrevista, o pai de Lorenzo disse que a adolescente acusada chegou a falar com ele antes do corpo ser descoberto. “Ela veio frente a frente comigo, friamente, falou ‘não, eu larguei ele no campo de futebol'”, contou o pai.
Nunes disse que durante todo o período de buscas tinha o pensamento de que o filho estava perdido e poderia ter desmaiado devido à falta de alimentação e água. Mas jamais imaginou o pior.
“O meu pensamento como pai era: é um menino de cinco anos, ele deve estar assustado, ela largou ele aqui no meio do nada, escuro, ele não sabia como voltar e ele deve ter desmaiado no meio do mato”, contou.
No relato, o pai lembra que começou a entrar no meio do mato, dos buracos, até que alguém gritou que tinham achado o menino e ele foi para o local.
“Eu vi aquele monte de gente, começou a me bater o desespero, eu desci do carro desesperado, aí olhei para os meus amigos, falei: cadê meu filho? Na hora que meus amigos apontaram, já não sabia mais o que fazer. Eu pulei uma cerca, onde eu andava mais uns 100 metros e lá já tinha pessoas envolta do meu filho. Inclusive o tio dele estava lá abraçado com ele, chorando desesperado. Eu não vi mais nada, tentaram me segurar. Eu cheguei a abraçar meu filho, eu cheguei a beijar meu filho [..] Eu vi sangue, quando eu vi sangue, meu filho de bruços, deitado assim de barriga para baixo, aí eu fiquei sério, eu só chorava”, conta.
Nunes explicou que o filho estava com a cabeça em cima de uma pedra e também que havia outra ao lado do corpo. Essa última que teria sido usada no crime.
“Era como se ele tivesse deitado em um travesseiro, só que no lugar do travesseiro era uma pedra fincada no chão, tipo um morro, mas era uma pedra. Ele apoiado com a cabeça em cima da pedra e ao lado uma pedra assim ó [faz gesto mostrando o tamanho], um pedaço de pedra ao lado da cabeça dele […]. Foi com essa pedra que ele foi atingido”, explicou.
O pai de Lorenzo ainda negou que a família conhecesse a adolescente ou a família dela que teria se mudado há pouco tempo para o distrito de Lácio. “Nós, família, meus filhos, ninguém nunca teve contato com ela”, disse.
Nunes ainda negou a motivação alegada pela adolescente acusada e rejeita a hipótese que o filho tenha chamado a adolescente de ‘sapatão’.
“Ela não fez porque meu filho chamou, falam que meu filho chamou de ‘sapatão’. Meu filho nunca nem ouviu essa palavra, meu filho nem sabia o que significava isso. Como que meu filho vai chamar uma pessoa de ‘sapatão’ sem saber o que significa? Dentro da nossa casa, a gente nunca ensinou isso. Acho que o mínimo que ele deve ter perguntado, bateu uma curiosidade, ‘por que que você está vestindo roupa de menino?’ Acho que o máximo, na verdade, que ele poderia ter perguntado é isso”, pontuou o pai.
A entrevista do pai alega também que a família da menor acusada não pediu desculpas pelo ocorrido.
“Eles [família da adolescente] estão, na verdade, meio que se escondendo porque a população está tão revoltada. Todo mundo chocado. Então, o medo deles é o que: vão vir atrás”, contou.
O pai de Lorenzo também afirmou estar revoltado com a possibilidade de a menor ficar no máximo três anos detida por causa da menoridade.
“Se ela [adolescente] faz tudo que um adulto faz, por que não pagar como um adulto? […] Infelizmente essa lei não colabora com a gente. Então, é revoltante”, lamenta.
Nunes relatou que a família está chocada com o ocorrido e tentando encontrar forças para seguir em diante.
Veja abaixo a entrevista na íntegra: