ONG tem 23 denúncias de reprodução ilegal

Reunião aconteceu na sede do CRMV (Foto: Daniela casale/Marília Notícia)
A ONG Spaddes de Marília recebeu e vai atender 23 denúncias sobre cadelas que são usadas para reprodução e venda irregulares de filhotes na cidade.
Segundo a entidade, o foco das denúncias é a zona Sul e todos os animais são da raça pit bull.
“Quando você chega lá para ver, os animais estão até com as orelhas cortadas”, diz Gabriel Fernando Francisco, diretor da ONG Spaddes.
Devido ao alto número de denúncias, a entidade procurou o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) para saber como proceder e para buscar apoio em uma campanha de conscientização.
Uma reunião foi realizada nesta sexta-feira (10), na sede da CRMV, com o diretor da entidade, o médico veterinário Ariadno Caires Turatti – que presta apoio para a ONG -, e o vice-presidente do CRMV, Fábio Manhoso.
Vender cachorro é uma atividade comum no cotidiano. Mas o comércio nem sempre é feito de forma regular e legalmente permitida.
É comum que muitos cães sejam vendidos de forma ilegal, até mesmo em pet shops. Quem compra um cachorro desta forma nem sempre saberá qual é a origem desse filhote que está adquirindo. Ele pode estar vindo de um local onde os animais vivem exclusivamente para a reprodução e fornecimento de mais filhotes.
Nesses locais, as cadelas passam por gestações em todos os cios, e os cuidados necessários com a saúde, sociabilização e também com a variabilidade genética da raça acabam sendo reduzidos ou inexistentes.
Além disso, uma pessoa que não possui licença para a venda de cães de forma legal, não recebe o acompanhamento adequado dos órgãos para evitar riscos no cruzamento de cães, portanto, o animal possui muito mais chances de desenvolver problemas de saúde durante toda sua vida.

Fábio Manhoso, vice-presidente do CRMV (Foto: Daniela Casale/Marília Notícia)
“Existem várias pessoas que têm sua cadela e que exploram economicamente seu animal, não podemos generalizar, a preocupação é que vimos muitas vezes no município a venda de filhotes de cadelas que não são compatíveis em termos de saúde para exercerem essa produção”, explica Manhoso.
“Precisamos conscientizar os dois lados, o tutor, que usa uma cadela especificamente para isso de forma desordenada, porque pode incorrer inclusive em crimes de maus-tratos, e quem compra um animal desta forma. As pessoas que vão adquirir um animal têm que conhecer a origem dele”, diz Manhoso.
O diretor da ONG Spaddes conta que um caso recente foi registrado em Garça (distante 35 quilômetros de Marília). No local, uma cadela da raça boxer estava sendo usada para reprodução.
“Quando chegamos lá, o animal estava todo caquético. A gente tinha inclusive a filmagem do tutor falando que tinha uma pessoa vindo de 300 quilômetros de distância para comprar um filhote, e a cadela estava em estado deplorável”, relata Gabriel.
“Quando alguém utiliza um cachorro para reprodução e não dá condições de saúde para esse animal, ao ponto que ele venha a ficar caquético – sem condições fisiológicas para fazer reprodução -, isso pode ser configurado maus-tratos”, frisa o vice-presidente do CRMV.

Gabriel Fernando Francisco, diretor da ONG Spaddes e o veterinário Ariadno Caires Turatti (Foto: Daniela Casale/Marília Notícia)
CAMPANHA
A ONG juntamente como o CRMV vai lançar uma campanha de conscientização que deverá abordar o assunto em escolas e locais públicos.
Deverão ser feitos cartazes, outdoors e folders a fim de conscientizar a população sobre a venda irregular de filhotes. A campanha deve se estender também para o município de Garça, de onde a Spaddes tem recebido muitas denúncias.
“É um trabalho de formiguinha, que particularmente não me lembro de ter sido tratado antes”, finaliza Manhoso.