Número de pediatras em Marília aumenta 54% em dez anos
Em dez anos, o número de pediatras em Marília teve aumento de 54%. Em contrapartida, houve redução no total de leitos cirúrgicos e clínicos – rede pública e privada – para crianças na cidade. Os dados são do Ministério da Saúde.
Pesquisa do Marília Notícia mostra que em 2011, a população de Marília contava com 81 médicos pediatras. Dez anos depois, esse número saltou para 125.
O número de profissionais na especialidade no município – que é referência regional em Saúde – cresceu acima da média paulista.
O banco de dados do Ministério Saúde indica que o Estado de São Paulo tem, atualmente, 12.384 pediatras em atividade, um aumento de 16,5% em relação há uma década, quando eram 10.630 médicos na função.
PEDIATRIA EM NÚMEROS
No mesmo período, houve queda no número de leitos: de 36 para 33. E o encolhimento na assistência hospitalar não foi apenas no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2011 a cidade podia internar até 15 crianças, simultaneamente, em hospitais privados, agora são 12.
Os dados federais apontam ainda que aumentou a proporção de médicos pediatras, em Marília, que não atendem pacientes do SUS.
Em 2011, a cidade tinha sete profissionais que atendiam, exclusivamente, convênios e particulares, ou seja, 8,64% dos 81 pediatras estabelecidos no município.
Dez anos depois, 17, dos 125 médicos especialistas (13,6%) não prestam nenhum serviço à rede pública.
ANÁLISE
Para a médica Jordana Oliveira Domingues, uma das principais explicações para o aumento no número de pediatras na cidade – acima da média paulista – é o fenômeno da concentração de profissionais, a exemplo do que ocorre em todo o país.
“Estamos em um Estado que concentra a maioria das residências médicas do país. A cidade de Marília tem dois cursos de residência. Muitos profissionais chegam em busca da formação na especialidade e constroem vínculos. A empregabilidade favorece”, explica a médica.
Desde 2011, Jordana avançou um pouco mais na pediatria e habilitou-se na subespecialidade de neonatologia. Ela faz parte de uma geração de profissionais que redescobriu a área.
“Há alguns anos a pediatria vem atraindo [profissionais] principalmente pelas subespecialidades, como a dermato, cardio, oncopediatria e outras nas quais há grande desenvolvimento”, constata a médica.
Para ela, quanto mais especialistas, melhor, porém o problema da concentração não é sanado com o aumento de médicos no país.
“Enquanto aqui (SP) temos profissionais cada vez mais especializados, nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, faltam pediatras. É o desafio de um país continental”, alerta a médica.
Para Jordana, a queda no número de leitos hospitalares indicada nas estatísticas do Ministério, não é um dado, necessariamente, negativo.
“São diversas razões. Hoje temos uma rede de atenção primária (postos de saúde) mais treinada. Há o incentivo ao aleitamento materno e à vacinação. Temos a busca ativa destas crianças em suas casas, pelos agentes de saúde. Temos uma melhora do tratamento com antibiótico, da alimentação e saneamento, diminuindo diarreias crônicas”, explica.
Para manter todas estas conquistas – incluindo redução da mortalidade infantil – é fundamental que o investimento na base seja mantido e até incrementado.
Em Marília, pais e responsáveis encontram suporte nos postos de saúde, um hospital público estadual, dois privados (filantrópico e beneficente, com serviços contratados pela Prefeitura), além de inúmeras clínicas privadas.
No caso do Sistema Único de Saúde (SUS), os serviços mais simples fazem parte do dia a dia das unidades. Já os mais complexos dependem de encaminhamento, nem sempre na velocidade desejada pelos pais.