Prefeitos da região são surpreendidos com boletim da Covid-19
Prefeitos de municípios na região de Marília (com até 14 mil habitantes) manifestaram surpresa, ao verem as cidades listadas no boletim do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, com casos positivos de Covid-19.
Os municípios alegam que não comunicaram e não foram comunicados sobre pessoas contaminadas com o novo coronavírus. O boletim oficial do Estado é divulgado entre terça-feira e sábado, no site oficial do Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”.
O prefeito de Oriente (distante 20 quilômetros de Marília), Dado Móris (PSD), recebeu com surpresa a informação do Marília Notícia de que o município constava no boletim do governo do Estado.
“Temos um caso aguardando resultado e três já descartados, mas não temos nenhuma informação sobre alguém de Oriente positivo para Covid-19. Vamos fazer contato com a Regional de Marília, para saber o que pode ter acontecido”, disse Móris.
A mesma surpresa manifestou o prefeito de Fernão (61 quilômetros distante de Marília), Adelcio Martins (Republicanos). Ele também foi informado pelo MN que o município estava na lista do CVE.
“Não estou sabendo e a nossa secretária também não. Se soubesse, teria me informado. Vamos fazer contato imediato com a Regional (Marília), para saber o que aconteceu, porque não fomos avisados”, disse o chefe do Executivo.
O boletim do Centro de Vigilância Epidemiológico chegou a incluir o município de Gália (52 quilômetros de Marília), com um caso confirmado de Covid-19. O prefeito Renato Gonçalves (PSD) afirmou que foi feito contato com a Secretaria de Estado da Saúde, para esclarecer a situação.
“Eles descobriram que um médico de Bauru tinha colocado o CEP errado na hora de passar a informação. Aí computou como se fosse na nossa cidade, mas isso já foi corrigido e o boletim já está vindo sem Gália na lista”, disse Renato.
Oscar Gozzi (PSDB), prefeito de Tarumã – distante 94 quilômetros de Marília – ainda não conseguiu tirar o município do boletim do CVE de São Paulo, após constatar lançamento de informação incorreta.
“Teve um tumulto grande aqui na cidade. Um blog político pegou o nosso boletim – zerado – e esse boletim do Estado, com um caso. Então começaram a acusar a gente de esconder caso de Covid-19. Fomos investigar e descobrimos que se tratava de uma moça, profissional de saúde, que mudou da cidade há cinco anos”, conta o prefeito.
Segundo Gozzi, a mulher que testou positivo vive em Londrina, mas no cartão SUS (Sistema Único de Saúde) dela ainda constava o endereço de Tarumã.
“Nós é que tivemos que investigar. Falamos com a moça e passamos tudo para a Secretaria de Saúde (do Estado). Eles chegaram a tirar o nosso município da lista, mas depois Tarumã apareceu de novo. Fizemos uma representação na Justiça, porque isso gerou muito problema aqui na cidade. Falta de informação gera pânico”, disse Gozzi.
Morte por Covid-19
O secretário de Saúde de Álvaro de Carvalho (44 quilômetros de Marília), Ademilson Roberto Fernandes, perdeu o pai em março. O idoso de 84 anos sofria de bronquite asmática desde a juventude. Ele ficou hospitalizado por quase dois meses no Hospital Beneficente Unimar, em Marília.
“Foi feito o teste no laboratório em São Paulo (Adolfo Lutz). Na época, ainda estava demorando bastante para sair resultado. Foi uma surpresa ter dado positivo para o coronavírus, porque em casa tivemos muito contato com ele, bem próximo abraçando e tudo. Ninguém teve sintoma”, disse.
O secretário evita “discutir com o resultado”, por não querer incentivar a “desmobilização de esforços para prevenção no município”, mas afirma não acreditar que a Covid-19 tenha matado seu pai. “Várias pessoas com comorbidades na família e ninguém sentiu nada. Difícil acreditar”, afirmou.
Álvaro de Carvalho aparece no boletim epidemiológico do Estado com apenas um caso, sendo um óbito. A Prefeitura não contesta.
O MN procurou a Secretaria da Saúde do Estado. Por meio da assessoria, a pasta informou que “a relação de casos e óbitos por cidade leva em conta o município de residência do paciente, conforme cadastro feito no sistema oficial do Ministério da Saúde pelos municípios”.
Sem responder o motivo dos erros, completou: “toda notificação passa por investigação das equipes técnicas e eventuais atualizações ocorrem por meio das divulgações oficiais da Secretaria de Estado da Saúde”.