Novo dono troca fechaduras de prédio da Rádio 950
Funcionários da Rádio 950 afirmam que nos últimos dias o prédio no Centro de Marília, onde funcionava até então o estúdio da empresa, teve as fechaduras trocadas pelo novo proprietário. O imóvel foi arrematado por R$ 555 mil em leilão realizado em abril de 2019.
Apesar disso, a transmissão via ondas de rádio estaria sendo feita de Vera Cruz (distante 17,5 quilômetros de Marília), cidade em que a empresa está registrada. No entanto, nesta quarta-feira (8) via internet não era possível ouvir o conteúdo.
O leilão fez parte da execução de uma ação por improbidade administrativa contra o ex-prefeito e ex-deputado Abelardo Camarinha (Pode), um dos donos da rádio – que também enfrenta complicações com a Anatel.
No caso do processo que levou o prédio da Rádio 950 a leilão, depois de 17 anos de tramitação, a 3ª Vara Cível de Marília considerou a arrematação do imóvel “perfeita, acabada e irretratável”.
Entenda
Abelardo foi acusado pelo Ministério Público de improbidade administrativa ainda em 2002 pela locação de um apartamento localizado em área nobre de São Paulo por meio da Prefeitura de Marília.
O imóvel estava em nome de sua oficial de gabinete, Marildes Lavagne, e do marido dela, Walter Miosi. O casal seria testa de ferro de Abelardo, conforme acusação da promotoria. Ele era prefeito na época da locação, em 2000.
Em sua defesa prévia, o político alegou que a locação do apartamento com dispensa de licitação era uma necessidade imediata de sua administração.
Na primeira instância, em 2007, o juiz Olavo de Oliveira Neto entendeu que não se tratava de um caso de improbidade e julgou a ação improcedente.
Na cabeça do magistrado o valor da locação estava compatível com o do mercado e a situação não provocou prejuízos aos cofres públicos.
Posteriormente, em 2013, Abelardo foi condenado por dano ao erário pelas instâncias superiores e condenado a devolver R$ 112 mil para a Prefeitura de Marília.
Ele também teve seu nome incluído – onde está até hoje – no Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa e Inelegibilidade.
Em 2016, quando o caso já havia transitado em julgado, na ação de execução da sentença constava o valor atualizado de R$ 352 mil como débito em nome de Abelardo.
Antes disso, Marildes e Walter chegaram a ter seus salários e aposentadorias congelados por conta da mesma ação.
Nas contas de Abelardo foram encontrados pouco mais de R$ 500 e a Justiça mandou levantar seus imóveis, entre eles o prédio da Rádio 950.