Nova presidente da Petrobras dá primeira entrevista e defende projetos com lucro
A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, deu a primeira entrevista na noite desta segunda-feira (27).
Ela defendeu que o Brasil acelere a exploração de petróleo para repor reservas. Sem isso, disse, poderia voltar a ser importador.
Citou a exploração da bacia da Foz do Amazonas e a de Pelotas, no Rio Grande do Sul, como regiões potenciais.
Chambriard é velha defensora de encomendas de navios à indústria nacional, investimentos em refinarias e a exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, na região da Margem Equatorial.
A visão vai ao encontro do que o governo quer da companhia.
Na entrevista, porém, ela adotou um tom conciliador e disse que a Petrobras vai focar em projetos que dão lucro, com retornos para todos os acionistas. Ela garantiu a manutenção da política atual de preços de combustíveis.
Engenheira e ex-funcionária da Petrobras, ela comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) nos governos Dilma Rousseff. Veja mais sobre a história da executiva aqui.
A posse aconteceu na última sexta, depois que seu currículo recebeu o aval de um comitê interno independente.
Magda Chambriard é a oitava presidente da Petrobras em oito anos. Neste texto, você pode lembrar como o preço das ações reagiu em cada troca.
Mais cedo, também nesta segunda, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu o investimento da estatal na infraestrutura do país. Para ele, a Petrobras não precisa dar 100% ou 200% de lucro.
Silveira criticou a demora na liberação da extração de petróleo na Foz do Amazonas pelo Ibama e disse que o Brasil está perdendo uma oportunidade. Segundo o ministro, a vizinha Guiana está – chupando de canudinho o petróleo da bacia.
Na entrevista feita durante a noite, Magda disse que as autorizações de explorações têm que ser discutidas – à luz da sua contribuição para a sociedade brasileira.
A gestão dos investimentos da Petrobras foi uma das razões para a mudança na presidência da companhia. O ex-chefe Jean Paul Prates tentou equilibrar promessas de campanha de Lula com o interesse de investidores privados. A dinâmica, no entanto, recebia críticas do Palácio do Planalto.
Nos anos 2000, eles foram impulsionados por encomendas da Petrobras, mas minguaram com a suspensão de novas encomendas durante a crise por que a empresa passou. A retomada – forçada – do setor, no entanto, é colocada em dúvida por especialistas.
OS PLANOS DE RETOMADA DA GOL
A Gol apresentou nesta segunda (27) um plano para reestruturar seus negócios nos próximos cinco anos.
Em recuperação judicial nos Estados Unidos, a companhia aérea divulgou apenas diretrizes, uma espécie de prévia do plano oficial de recuperação, que ainda precisa ser feito. Entenda aqui como funciona o processo.
PONTOS PRINCIPAIS
A Gol aspira fazer um aumento de capital de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,7 bilhões), com emissão de novas ações, e refinanciamento de US$ 2 bilhões (R$ 10,3 bilhões) em dívidas.
A empresa quer reduzir seu indicador de endividamento de 3,7 para 1,7;
O plano prevê que a companhia terá 169 aeronaves na frota. Hoje, são 141.
ENTENDA
A justiça dos EUA aceitou o pedido de recuperação judicial da Gol em janeiro. Dívidas com credores ficam suspensas até serem renegociadas. A empresa aérea pode também manter seus contratos e as operações.
EM NÚMEROS
São US$ 8,3 bilhões (R$ 40,7 bilhões) em dívidas;
Do total, R$ 3 bilhões venceriam já neste ano, mas a companhia não teria caixa para honrar esses compromissos.
O problema da Gol não é operacional. Os resultados são positivos, mas ela não tinha novas garantias para renovar a dívida a vencer.
Entre os maiores credores estão o banco BNY Mellon, a aeronáutica, a distribuidora de combustível Vibra e a fabricante de aviões Boeing. O grupo total é de mais de 50 mil nomes.
PERSPECTIVAS
O plano prevê uma queda na geração de caixa neste ano, mas uma recuperação aos níveis do ano passado em 2026.
Antes mesmo da recuperação judicial iniciar, lucro havia virado prejuízo.
Desde o início da recuperação, a Azul mostra interesse na Gol. A concorrente considera um modelo em que cederia uma participação na nova companhia formada depois da fusão aos atuais donos da Gol.
Isso dispensaria a necessidade de dinheiro em caixa.
Uma fusão, porém, poderia colocar a concorrência do setor aéreo no Brasil em risco. As empresas têm cerca de 30% do mercado cada, atrás da líder LatAm, com 40%.
Na última semana, uma união anunciada entre as companhias despertou mais uma vez o tema. Clientes Gol poderão acessar destinos da Azul com apenas uma compra, e vice-versa. Para isso, os voos terão conexões.
Os destinos combinados podem chegar a 2.800 mercados.
CIGARROS NA MIRA DE HADDAD
O Ministério da Fazenda estuda aumentar a tributação sobre os cigarros para recompor parte da receita perdida com o acordo para manter a desoneração da folha de pagamento.
Com mais impostos, seria possível arrecadar R$ 1 bilhão ainda este ano.
SIM, MAS…
O valor é minúsculo em relação ao total que o governo está deixando de receber com a desoneração, que soma R$ 25,8 bilhões.
O impacto pequeno se deve à exigência de 90 dias para qualquer alteração no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) entrar em vigor.
Mais medidas estão em análise e só serão divulgadas na próxima semana, depois do feriado de Corpus Christi.
Os R$ 25,8 bilhões são necessários para o governo cumprir a meta de déficit zero nas contas.
MAS…
A reposição do valor não é motivo de grande preocupação para o ministro Haddad porque o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) é de que o Congresso precisa definir ou dar aval a uma nova fonte de receitas.
RELEMBRE
A desoneração sobre a folha de pagamentos envolve 17 setores e foi criada no governo Dilma Rousseff, em 2011, com objetivo de estimular contratações. Desde então, foi prorrogada sucessivas vezes.
Com o compromisso de zerar o déficit das contas, o governo questionou no STF a última prorrogação feita pelo Congresso. O ministro Cristiano Zanin atendeu ao pedido e restituiu a cobrança do imposto.
Em acordo com o Senado, Haddad decidiu fazer uma retomada gradual do imposto sobre a folha nos próximos anos, mas reforçou a necessidade de medidas para compensar a perda de receita.
IMPOSTO DO PECADO
Com a reforma tributária, o imposto IPI – usado também para desestimular a compra de cigarros e bebidas alcoólicas – deixa de existir.
No lugar, entra uma tributação seletiva sobre produtos nocivos, conhecida também como – imposto do pecado. Ele será um imposto extra, já que a principal proposta da reforma tributária é ter uma cobrança igual sobre todos os bens e serviços, fora as exceções.
O CUSTO DA TRAGÉDIA NOS SEGUROS
As chuvas no Rio Grande do Sul marcam uma virada no preço dos seguros no Brasil. Essa é a expectativa do setor, que vê todo tipo de apólice ficar mais cara. Seja a do carro, a de vida, as destinadas à produção agrícola.
Especialistas estimam que sinistros no Rio Grande do Sul ultrapassem os R$ 7 bilhões, alcançando o patamar da pandemia.
O preço das mudanças climáticas. Com mais riscos no radar, a tendência é de preços mais altos para os contratos (mesmo se a demanda por apólices aumentar, o que em tese distribuiria melhor os custos para os clientes).
ALERTA
Uma pesquisa da PwC feita com 589 líderes do setor aponta que as mudanças climáticas são o terceiro maior risco para as seguradoras. Como elas têm suas próprias seguradoras, e dependem também de seguros, a alta dos preços deve ser generalizada.
A maioria das perdas (70%) com desastres naturais da última década aconteceu entre 2020 e 2023, o que evidencia como desastres são cada vez mais frequentes. Nesta reportagem, especialistas explicam o que está por trás desses eventos.
Segundo a multinacional de análise de dados Aon, desastres naturais custaram US$ 380 bilhões para a economia mundial em 2023, mas apenas 30% estavam cobertos.
AGRO
Produtores de arroz, frutas e carne suína tiveram fortes perdas no Rio Grande do Sul. A estimativa é que todo o setor tenha registrado um prejuízo de R$ 2,34 bilhões.
Os agropecuaristas devem ter dificuldade em retomar a produção, já que as propriedades e maquinários também foram perdidos.
Mesmo com forte exposição aos riscos climáticos, apenas 6% da produção agrícola nacional estava protegida em 2023.
O impacto na economia brasileira ainda está sendo avaliado por especialistas.
Quase um mês depois. O RS ainda tem milhares sem luz e sem aulas. No domingo (26), a tragédia chegou a 169 óbitos. No total, 469 municípios foram afetados, e 581.638 moradores foram desalojados.
Nesta semana, a região de Porto Alegre voltou a receber voos pelo aeroporto da cidade de Canoas, enquanto a capital vê a água baixar. As águas do lago Guaíba seguem acima dos três metros, o necessário para liberar a parte ainda inundada da cidade.
O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER
RIO
Stellantis anuncia investimento de R$ 3 bilhões no RJ. Aporte em fábrica de Porto Real faz parte de pacote de R$ 30 bilhões para o país.
BANCO CENTRAL
‘Vejo com bons olhos a discussão de desindexação dos pisos de Saúde e Educação’, diz Campos Neto. Segundo o presidente do Banco Central, as expectativas de inflação devem melhorar.
BRASÍLIA
Sindicato assina acordo para dar fim à greve dos professores federais. Entidades entraram em conflito; Proifes aceitou proposta do governo, mas Andes afirmou se tratar de ‘golpe’.
PREVIDÊNCIA
Juros do consignado do INSS vão cair para 1,66% ao mês, decide conselho de Previdência. Novas taxas começarão a valer cinco dias úteis após a publicação; veja regras do empréstimo.
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POR VICTOR SENA