Nova denúncia: paciente diz ter sido vítima de psiquiatra quando era menor
A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Garça confirmou, na manhã desta segunda-feira (20), a segunda denúncia formalizada no município contra um médico psiquiatra investigado por supostos crimes sexuais durante consultas.
O profissional é alvo de uma série de acusações, que começaram a se acumular após o primeiro relato, divulgado com exclusividade e em primeira mão pelo Marília Notícia.
Com isso, o total de registros formais chega a 12 casos: dez em Marília e dois em Garça. Um dos casos no município envolve uma vítima que era menor de idade à época dos fatos alegados.
Segundo a Polícia Civil, a nova denúncia foi feita por uma jovem que iniciou tratamento no Caps 1 em 2018, aos 17 anos. Ela relatou que costumava comparecer às consultas acompanhada da mãe, mas, em determinado atendimento, esteve sozinha.
Ainda conforme relato, na ocasião o médico teria feito perguntas de cunho íntimo e, ao final da consulta, puxado seu braço e beijado o canto de sua boca.
A jovem contou que relatou o episódio à mãe, mas que, por não compreender a gravidade da situação à época, não formalizou denúncia. Ela teria continuado o tratamento, sempre acompanhada, até que decidiu abandonar as consultas ao perceber, segundo afirmou, desconforto do médico com a presença de outras pessoas.
Dois boletins de ocorrência já foram registrados em Garça. Há ainda outros relatos sendo colhidos de forma sigilosa, o que pode ampliar o número de vítimas.
Apuração em andamento
A preservação da identidade das possíveis vítimas tem sido uma das prioridades da DDM, que segue ouvindo depoimentos, realizando diligências e cruzando informações com os registros de Marília, onde se concentra a maior parte dos relatos.
Os casos estão sendo reunidos em um inquérito que também deverá ouvir o psiquiatra. De acordo com as delegadas responsáveis, chamam atenção os detalhes coincidentes nas declarações das denunciantes, que indicam um padrão.
Caso extrapola Marília
A primeira mulher a procurar a DDM de Garça tem 41 anos e declarou ter sido atendida pelo médico por vários anos.
Ela afirmou que, em uma consulta realizada no fim de 2024, ao solicitar um atestado, o psiquiatra teria feito comentários sexuais explícitos, a segurado contra a mesa e tentado beijá-la. Ainda segundo seu relato, ele teria passado a mão por baixo de sua saia e manuseado seu cinto.
A paciente relatou que saiu correndo do consultório, mas continuou comparecendo às consultas apenas para obter receitas, mantendo distância física do profissional.
Conforme os dados reunidos pela polícia, até o início das denúncias o médico atuava em consultório particular no bairro Salgado Filho (zona oeste de Marília), no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Garça — vinculado à Associação Hospitalar Beneficente do Brasil (AHBB) — e também por meio de convênio com uma cooperativa médica.
A prestadora de serviços informou ter afastado o médico de suas funções, a pedido da Prefeitura, após a repercussão do caso. O plano de saúde também suspendeu os atendimentos. Já o consultório particular não disponibiliza agenda para novas consultas.
A defesa do psiquiatra reiterou que ele ainda não foi formalmente notificado e que se manifestará apenas nos autos. Em declarações anteriores, o médico afirmou desconhecer as motivações das denúncias e negou todas as acusações.
Orientação às vítimas
A Polícia Civil reforçou que mulheres vítimas de crimes dessa natureza são atendidas com sigilo e em ambiente reservado, conforme os protocolos estabelecidos.
Outras mulheres que tenham relatos de importunação sexual ou casos semelhantes devem procurar a Delegacia de Defesa da Mulher local para formalizar a denúncia.