Considerado pelo jornal inglês The Guardian um dos 100 maiores romances da humanidade de todos os tempos, ‘Grande Sertão: Veredas’ foi lançado há 65 anos, em 16 de julho de 1956. A narrativa de um fôlego só, num monólogo de quase 600 páginas, conforme observou o cronista Carlos Heitor Cony, teria sido concebida embrionariamente como um conto. À medida que João Guimarães Rosa (1908-1967) foi dando voz para Riobaldo, a obra passou a ganhar volume, ultrapassando a categoria de novela e se alojando com envergadura definitiva no gênero romance.
Portanto, era um romance que resistiu a ser conto e refutou totalmente a possibilidade de novela. Nestes tempos de pandemia, com consequências drásticas econômicas, fechamentos de possiblidades de trabalho e renda e a tristeza permanente, resistência chega a ser um sinônimo de esperança.
A maldita Covid-19 matou mais de meio milhão de brasileiros e retirou de cena talentos imprescindíveis. O crítico e acadêmico da Academia Brasileira de Letras (ABL), Alfredo Bosi, está entre as vítimas fatais do coronavírus. “Resistir é preciso”, dizia o estudioso das letras brasileiras que analisou obras de escritores combativos, como o poeta Cruz e Sousa, o romancista Lima Barreto, o contista João Antônio e o antropólogo Darcy Ribeiro, além de ter debruçado sobre os livros de Graciliano Ramos.
No cruzado e descruzado dos caminhos desta vida, das voltas que o mundo dá e torna a começar de novo a cada vez que o sol nasce, cada brasileiro sobrevivente desta pandemia é meio que nem o Guimarães Rosa. O escritor, que nasceu em Minas Gerais, rodou o mundo, mas as histórias que ouvia nas vendas do pai em Cordisburgo resistiram dentro dele até que floresceram em ‘Grande Sertão: Veredas’ e nas narrativas de sua lavra.
Embora alguns conterrâneos sigam resistindo à vacinação, na terça (13), uma notícia me agradou: a adesão à imunização chegou a 94% da população. Consulta feita pelo Datafolha em quase 150 cidades mostrou que entre os mais de dois mil brasileiros entrevistados, 56% tinham se vacinado e 38% declararam que iriam se vacinar assim que desse. No feriado de 9 de julho, tomei a vacina na ação de imunização realizada pelo município no ginásio de esportes da Universidade de Marília (Unimar). Levei como companhia para encarar a fila o livro da jornalista Fabrina Martinez ‘Sabendo que és minha’, da editora Jandaíra, que trabalha justamente a triste atmosfera comum por estes últimos meses: o luto.
Riobaldo, em ‘Grande Sertão: Veredas’, também narra, de certa forma, o seu luto. O personagem-narrador nos coloca dentro do redemoinho e vai se modificando aos nossos olhos de modo confessional a cada fase da caótica trama ficcional. Riobaldo se traduz no próprio enigma da esfinge de Tebas, da tragédia grega ‘Édipo-rei’, de Sófocles (no enredo, para solucionar a charada e evitar a morte, Édipo revela que o animal que pela manhã tem quatro patas, ao meio-dia duas e ao anoitecer três, era o homem nas fases da vida).
Muito de tragédia tem em ‘Grande Sertão: Veredas’, é como se os clássicos personagens do espectro criativo universal – o próprio Édipo, o Hamlet, de William Shakespeare, ou Raskólnikov, de Fiodor Dostoievski – desembarcassem todos no Liso do Sussuarão ou no Tamanduá-tão ou, por fim e derradeiro, Paredão, onde o leitor, enfim, conseguirá compreender o sentido da famosa frase ‘O diabo na rua, no meio do redemoinho…’. Por aqui, a Covid-19 anda sendo o nosso demônio da rua, no meio da pandemia.
Sobre a Academia Brasileira de Letras, recentemente ocorreram quatro perdas: Afonsos Arinos Filho, Murilo Melo Filho, Alfredo Bosi e Marco Maciel (que chegou a ser vice-presidente do Brasil).
Em agosto haverá a dita-cuja ‘sessão da saudade’ e suas cadeiras serão declaradas vagas. Três das quatro vagas já possuem pretendentes: a atriz Fernanda Montenegro, o cantor e compositor Gilberto Gil (ex-ministro da Cultura) e o médico cardiologista Paulo Niemeyer Filho, autor de ‘No labirinto do cérebro’.
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