Ninguém vai cortar recursos da educação ‘por maldade’, diz Bolsonaro
O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse nesta quarta-feira, 9, que não cortou recursos da educação “por maldade”. O presidente justificou o corte de 30% nas instituições federais por dificuldades financeiras do governo: “Ninguém vai cortar recursos da educação por maldade”.
“Herdamos uma dívida muito grande de outros governos. O Brasil está em situação difícil quando se fala em economia, em dinheiro”, disse o presidente a crianças da comunidade quilombola Kalunga, em Cavalcante (GO), com quem conversou por videoconferência.
Bolsonaro respondeu a um aluno que o perguntou, orientado por professores, se investiria mais recursos na educação. Primeiro, o presidente disse que “ninguém cortou 30% da educação”, mas foi advertido pelo ministro da área, Abraham Weintraub, de que houve um contingenciamento no MEC. O presidente, então, afirmou que, na linguagem popular, “contingenciamento é corte”. “É que não temos como pagar as dívidas que o Brasil tem, por isso esse contingenciamento”, afirmou o presidente.
Bolsonaro voltou a tratar o corte como um remanejamento de verbas. Ele disse que a propriedade é o ensino básico. “Estamos pegando dinheiro de uma área e colocando para outra”, disse o presidente. Já o ministro sinalizou que o corte poderá ser revertido no segundo semestre e disse que a quantia chega 5% do orçamento do MEC. “A gente está segurando, a gente não está cortando, 5% do orçamento para o segundo semestre”, disse.
O ministro também citou problemas econômicos do País e vinculou a melhora à aprovação da reforma da Previdência, em tramitação na Câmara dos Deputados: “O Brasil estava afundando, parou de afundar, mas ainda não decolou. Para o Brasil decolar, tem um projeto na Câmara que se chama Nova Previdência”.
Satélite
A videoconferência com estudantes foi realizada para dar visibilidade ao programa de internet nas escolas, via satélite, que atingiu 1 milhão de estudantes e 3.150 escolas. O presidente conversou com alunos quilombolas da Escola Calunga 1, na zona rural de Cavalcante (GO).
Segundo o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, a conexão entregue pelo satélite é de 10 megabites, o que ele considera de boa qualidade. Ele disse que o programa é uma prioridade da pasta. A meta do governo é atingir 6,5 mil escolas conectadas (e 2 milhões de alunos) até agosto e 10 mil até o fim do ano, conforme Waldemar Gonçalves, presidente da Telebrás.
O presidente convocou prefeitos de todo o País a buscarem o ministério para aderir ao programa. A prioridade, segundo Bolsonaro, será de escolas em locais remotos. As regiões abrangidas são Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
“Com conhecimento, vocês serão muito melhores do que nós”, disse o presidente aos alunos, com quem conversou de uma sala de reuniões anexa ao seu gabinete pessoal, no Palácio do Planalto. Bolsonaro falou que estudava numa escola pobre, no interior paulista, e que usava a enciclopédia Barsa.
Bolsonaro e os ministros fizeram uma série de brincadeiras com os alunos. O presidente perguntou que profissão elas gostariam de seguir, como médico e astronauta. Ele frustrou-se ao perceber que nenhum dos alunos manifestava interesse em ser militar, origem da maioria das autoridades presentes. “Vai ficar feio para nós”, disse ele a Marcos Pontes, que é oficial da reserva da Aeronáutica. Bolsonaro insistiu se desejavam ser do Exército ou ainda policial militar, mas não houve adesão. As crianças só responderam positivamente quando o presidente perguntou quem queria ser jornalista.