Negociações salariais sem ganho real se agravam
Nos últimos três anos, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou piora nas negociações salariais dos profissionais com carteira assinada e sindicato representativo. Em Marília, a situação não é diferente.
No período, as entidades sindicais mais atuantes de Marília e Região não só não conseguiram repor a perda da inflação de anos anteriores como também não preveem a conquista do ganho real em 2022.
“Estamos sem conquistar ganho real pelo 5º ano consecutivo e, em 2022, as negociações mantêm apenas o reajuste salarial do período, vinculado ao INPC”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Marília (Stiam), Wilson Vidoto Manzon.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Marília e Região, Irton Siqueira Torres, afirma que a situação continua grave e a categoria tem lutado para não agravar ainda mais as perdas. “Vitórias não temos faz tempo. Ganho real muito menos. O que vemos é a piora gradativa do poder de compra do trabalhador brasileiro”, destaca.
GERAL
Em 2018, cerca de 9% das categorias negociaram salários abaixo da inflação, com um salto em 2021, quando esse índice chegou a 47%. Em 2022, até fevereiro, apenas 24% das categorias conseguiram ganhos reais, ou seja, acima da inflação.
Na data-base de fevereiro, 60,5% dos 119 reajustes analisados pelo Dieese até 9 de março ficaram abaixo da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que serve de referência para reajustes salariais. São dados preliminares, mas, em termos percentuais, se aproximam do observado em janeiro de 2021, quando foram analisados 2.315 reajustes.
Outros 15,1% dos reajustes de fevereiro tiveram valor equivalente ao da inflação acumulada nos 12 meses anteriores. Os demais 24,4% ficaram acima do índice inflacionário medido pelo IBGE.
Em 2021, apenas 15% dos reajustes negociados resultaram em ganhos reais (acima da inflação). Outros 47% dos acordos ficaram abaixo do INPC, enquanto 38% tiveram correções exatamente conforme a inflação, ou seja, nem ganharam nem perderam.
A situação piora quando os dados atuais são comparados ao cenário de antes da covid-19. Em 2018, 75% dos reajustes ficaram acima da inflação, enquanto 9% não repuseram as perdas. Outros 16% tiveram reajustes iguais aos do INPC.