Natalidade cai mais de 25% em duas décadas em Marília

O número de nascidos vivos em Marília vem apresentando queda significativa ao longo dos últimos anos, segundo dados da Fundação Seade. Entre 2000 e 2024, o município registrou redução de 838 nascimentos, o que representa uma queda de mais de 25,5%.
O cenário indica não apenas a diminuição da natalidade, mas também mudanças no perfil das mães, que cada vez mais têm filhos em idades mais avançadas — um reflexo das transformações sociais, econômicas e culturais vividas pela população nas últimas duas décadas.
Em 2000, Marília registrou 3.278 nascimentos. No ano seguinte, o número caiu para 2.892, retração já de 11,78%. Em 2002 foram contabilizados 2.877 registros (-0,52%) e, em 2003, houve leve recuperação, com 2.903 nascidos vivos (+0,90%).
A oscilação se manteve nos anos seguintes. Em 2004, houve nova queda (-3,89%), com 2.790 nascimentos, seguida de recuperação em 2005, com 2.903 (+4,05%). Em 2006, o total voltou a recuar para 2.674 (-7,89%) e, em 2007, para 2.658 (-0,60%).
Nos três anos seguintes, o número tornou a crescer: 2.704 em 2008 (+1,73%), 2.749 em 2009 (+1,66%) e 2.819 em 2010 (+2,55%). A alta seguiu em 2011, com 2.886 (+2,38%), e em 2012, com 2.971 (+2,95%). Em 2013, o índice praticamente se estabilizou (2.977), mas caiu em 2014, para 2.912 (-1,99%). No ano seguinte, 2015, houve nova elevação, com 3.042 nascimentos (+4,46%).
Em 2016, os registros somaram 2.966 (-2,50%), e em 2017 o total subiu para 3.136 (+5,73%) — o maior número desde o início dos anos 2000. A partir daí, o movimento foi de retração: 3.106 em 2018 (-0,96%), 3.048 em 2019 (-1,87%) e 2.932 em 2020 (-3,81%).
O declínio se acentuou nos anos seguintes: 2.768 nascidos vivos em 2021 (-5,59%), leve recuperação em 2022 (2.807, +1,41%), queda expressiva em 2023 (2.607, -7,13%) e novo recuo em 2024, com 2.440 registros (-6,41%).

Perfil etário das mães
Além da redução no número de nascimentos, o perfil das mães também mudou significativamente.
Em 2000, mais da metade das mães tinha entre 20 e 29 anos (56,7%), enquanto 17,9% tinham menos de 20. As mulheres de 30 a 39 anos representavam 23,6%, e as de 40 a 49 anos, apenas 1,7%.
Dez anos depois, em 2010, o grupo de 20 a 29 anos caiu para 50,8%, enquanto o de 30 a 39 subiu para 34,3%. As mães adolescentes passaram a representar 12,9% e as de 40 a 49 anos, 2%.
Em 2024, a transformação é ainda mais evidente: apenas 6,9% das mães tinham menos de 20 anos, enquanto 48,4% estavam na faixa de 20 a 29. Já o grupo de 30 a 39 anos subiu para 39,6%, e o de 40 a 49 anos alcançou 4,9%, evidenciando o envelhecimento da maternidade em Marília.
Os dados da Fundação Seade revelam que Marília segue uma tendência nacional de queda na natalidade e de postergação da maternidade. A redução dos nascimentos e o envelhecimento do perfil das mães refletem mudanças estruturais na sociedade — como o maior acesso das mulheres ao mercado de trabalho e à educação, o planejamento familiar e a busca por estabilidade antes de ter filhos.
O desafio, agora, é compreender como essa transformação demográfica impactará o futuro da cidade em áreas como educação, saúde, economia e políticas públicas voltadas à infância e à família.