Não é função da imprensa investigar, afirma Dilma
A presidente Dilma Rousseff informou nesta sexta-feira (19) que vai pedir ao STF (Superior Tribunal Federal) o acesso aos depoimentos prestados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa na Polícia Federal, em que ele teria apontado o envolvimento de autoridades do governo em um suposto esquema de corrupção na estatal.
O pedido será encaminhado ao ministro Teori Zavascki, relator do caso na Corte.
“Eu quero saber. Não é possível que a revista ‘Veja’ [que publicou reportagem sobre o assunto] saiba alguma coisa e o governo não saiba quem está envolvido”, disse a presidente, que afirmou que não tomará medidas “baseadas no disse-me-disse”.
Dilma voltou a dizer que não fará julgamentos ou tomará medidas em relação às denúncias com base em notícias veiculadas na imprensa. “Não reconheço na revista ‘Veja’ nem em nenhum outro órgão de imprensa o status que tem a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo. Não é função da imprensa fazer investigação. Eu não pré-julgo e não comprometo a prova”, acrescentou.
O governo já havia pedido acesso às declarações feitas por Costa à PF e ao Ministério Público Federal, que negaram a solicitação. O ex-diretor da Petrobras prestou as informações em um acordo de delação premiada. Na negativa, em ofício enviado ao ministro da Justiça, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, explicou que o sigilo do depoimento tem que ser mantido até que a Justiça transforme o caso em ação penal.
“Agora pedirei ao juiz. Quero ser informada se no governo tem alguém envolvido”, acrescentou Dilma, que voltou a criticar o vazamento de informações do depoimento de Costa. Segundo a presidente, esse tipo de prática compromete as provas, o que pode impedir a condenação e aumentar impunidade.
“O câncer que tem nos processos de corrupção é que a gente investiga, investiga, investiga e continuam impunes. Eu tenho imenso compromisso contra a impunidade, porque o pai, o compadre do crime de corrupção, de lavagem de dinheiro, do crime financeiro, é a impunidade”, avaliou.