Multas por radares atingem 8,6% de veículos de Marília, mas só 4,2% pagam

Em operação desde 22 de maio deste ano nas vias urbanas de Marília, os radares e as lombadas eletrônicas instalados já aplicaram pelo menos 62.259 multas, gerando uma receita de R$ 11 milhões.
O balanço foi divulgado pela presidência da Empresa Municipal de Mobilidade Urbana de Marília (Emdurb) em audiência pública realizada na noite desta quarta-feira (25) na Câmara Municipal de Marília.
Apesar do volume de autuações e de receita, apenas 8,6% dos veículos emplacados em Marília foram flagrados em infrações no trânsito, dos quais apenas 4,2% já recolheram os pagamentos, ainda segundo a empresa municipal. Na cidade, são 184.003 veículos emplacados, também de acordo com a Emdurb.
“O dinheiro não está entrando da mesma forma como tem ocorrido as multas”, informou o contador da Emdurb, Fernando Rodrigues. “É possível que o recebimento ocorra em 2024 pela exigência de pagamento destas autuações no licenciamento dos veículos”, declarou.
Segundo planilha de recebimentos de multas a qual o Marília Notícia teve acesso durante a audiência pública, a Emdurb contabilizou a receita de R$ 372 mil, restando ainda R$ 10,6 milhões a receber.
O valor recebido não pagaria um mês do serviço contratado ao custo de R$ 466 mil. Presente na audiência pública, o CEO da Talentech Tecnologia Ltda, empresa vencedora da licitação para implantação e operação dos radares, João Batista Alves, informou que o repasse mensal à empresa “não está em dia”.
“Até hoje, só as primeiras duas medições foram liquidadas”, afirmou. Sentado ao lado, o presidente da Emdurb permaneceu calado. “Recebo por prestação de serviço realizado, independentemente da quantidade de infrações”, complementou o CEO.
Homologado em janeiro deste ano, o contrato com a Talentech Tecnologia Ltda tem validade por cinco anos, com previsão de custo de R$ 27,9 milhões ao município. Atualmente, 20 equipamentos fiscalizam o trânsito urbano de Marília.
RESPOSTAS E OMISSÕES
Ambos os dirigentes foram sabatinados pela maioria de nove dos 13 vereadores presentes na audiência pública. As questões transitaram pela localização dos radares, velocidades de vias e uso dos recursos recebidos. Nenhum manifestou-se contra a instalação dos radares.

Em várias respostas, o presidente da Emdurb afirmou que as decisões tiveram por referência um estudo técnico contratado pela empresa antes mesmo do processo licitatório vencido pela atual operadora.
Questionado pelo vereador Danilo Bigeschi (PSB), Valdeci se comprometeu publicamente em enviar cópia, apesar de ainda não ter respondido a mesma demanda feita por requerimento aprovado no mesmo plenário.
O MN também questionou o nome da empresa contratada para o estudo técnico e o valor gasto em pergunta por escrito enviada à Mesa. Na presidência, Rogerinho (PP) leu pela metade, não perguntou e encerrou a audiência pública.
A checagem de contratos e valores firmados e movimentados pela Emdurb está prejudicado há meses pela indisponibilidade do Portal da Transparência no site da empresa. “Estamos mudando o sistema”, alegou o presidente, outra vez.