Mulheres estão sendo mães cada vez mais tarde em Marília

Dados de Marília (Imagem: Fundação Seade)
As mulheres estão tendo filhos cada vez mais tarde em Marília, de acordo com dados da Fundação Seade, sobre os nascimentos em 2000, 2010 e 2020. A variação também é percebida em níveis estadual e nacional.
Em 2020 foi registrado o nascimento de 2.932 marilienses, e a maioria das mães ainda tinham entre 20 e 29 anos.
No entanto, esta faixa etária deixou de ser responsável por mais da metade dos nascidos vivos, como ainda era em 2010 (50,8%). Em 2000, esse percentual era de 56,6%.
A faixa das mães com menos de 20 anos também vem caindo, de 17,9% em 2000 para 12,9% em 2010 e 9,2% no ano passado.
Por outro lado, a faixa das mães entre 30 e 39 anos subiu, nos mesmos anos, respectivamente, de 23,6% para 34,3% e, finalmente, para 39,9%. Tudo indica, com a projeção, que essa logo será a faixa etária com maior número de nascimentos já nos próximos anos.
Também vem aumentando em Marília, ainda que timidamente, a proporção de nascimentos envolvendo mães entre 40 e 49 anos. Esse percentual passou de 1,7% para 2% e chegou a 4,1% em relação a todos os partos de crianças marilienses vivas em 2020.
MÃES
A aposentada Magali Ollea Guedes, de 68 anos, mora em Marília e teve seu filho no começo da década de 90, quando tinha 39 anos. Na época, isso não era o mais comum, mas a realidade vem mudando desde então.
“Eu optei ser mãe após os 30 porque eu casei aos 34, pois buscava primeiramente minha estabilidade profissional. Mas sempre tive como sonho e objetivo ter minha família”, explica em entrevista ao Marília Notícia. Hoje, quem já tem 30 anos é o filho dela.
Sobre a maternidade tardia ser cada vez mais a realidade em Marília, São Paulo e no próprio Brasil, a aposentada entende que “após os 30 a estabilidade emocional é maior, e hoje se busca muito isso”.
“As mulheres estão certas ao buscarem primeiro a estabilidade profissional e sua maturidade emocional”, comenta.

Magali Ollea Guedes, com filho que hoje tem 30 anos (Imagem: Divulgação)
A reportagem também conversou com outra mãe, de uma geração bem mais recente. A jornalista Raquel Bicudo Brabo Peregrina, de 34 anos, tem duas filhas. Isabel tem três anos e Helena de três meses.
“Quis ter filhos depois dos 30 porque eu precisava investir na minha carreira profissional. Além disso, era necessário organizar a rotina doméstica e as nossas finanças. Também percebi que esse foi o tempo necessário para que eu e o marido pudéssemos estudar sobre educação, tanto que aplicamos a disciplina positiva com as nossas filhas”, comenta Raquel.
“Para ter filhos é preciso ter uma estrutura familiar com rotina, alimentação correta e suporte financeiro. Portanto, nós ‘curtimos’ antes disso por meio de viagens, finais de semana com amigos e festivais de música”, relata. Ela também teve tempo para realizar alguns sonhos, já que a maternidade também envolve renúncias.

Raquel com as filhas e o marido (Foto: Babi Borba)
Para a jornalista, na verdade, sumiu “a ideia de que toda mulher deve se tornar mãe”. “Ter filhos após os 30 é o tempo para que a mulher reflita se realmente quer ser mãe. Atualmente, as mulheres têm mais oportunidades, porém ainda há machismo e a carga feminina é sempre mais pesada. Cabe à mulher decidir se ela está pronta para isso”, analisa.
Raquel pondera que a maior dificuldade é a privação de sono. “Embora eu esteja mais madura, a disposição física é um desafio. Cuidar de criança é como correr uma maratona todos os dias. Requer preparo para sentar, levantar, agachar, pegar no colo, correr, brincar e até pular. Tudo isso sem dormir direito e ainda trabalhar, cozinhar”.
Para a jornalista, ser mãe é ser uma supermulher. “Super-heroínas são reais. Elas se chamam mães”.
* Esta reportagem foi coproduzida pela jornalista Daniela Casale