MP devolve inquérito sobre corpo achado em penhasco
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP) devolveu nesta quarta-feira (1º) o inquérito que apura a morte de Jefferson da Ressurreição, de 25 anos, e pediu novas diligências para a Polícia Civil.
A vítima ficou desaparecida e o corpo foi localizado dias depois em um penhasco nas imediações da Vila Real, zona Sul de Marília. O caso foi registrado em novembro de 2022.
De acordo com o MP, o inquérito policial apurou que familiares de Jefferson registraram Boletim de Ocorrência em 16 de novembro de 2022 para informar que a vítima havia desaparecido.
O texto diz que dias depois do registro, um cadáver foi localizado já em avançado estado de decomposição e foi reconhecido pelo irmão da vítima por causa das roupas.
O promotor Rafael Abujamra aponta que “são necessárias mais diligências para melhor elucidação do delito, motivo pelo qual requeiro o retorno dos autos à DelPol de origem.”
A Promotoria solicita que “tendo em vista a conclusão necroscópica e os relatos dos familiares, a D. Autoridade Policial esclareça como se deu o reconhecimento do cadáver localizado.”
Segundo o promotor, o reconhecimento ocorreu por análise de roupas e eventuais características físicas e, por isso, é preciso a realização de exame de confronto genético com parentes.
O documento também pede que seja esclarecido se houve exame pericial nas roupas que vestiam o cadáver em busca de marcas de golpes de faca, disparo de arma de fogo ou elementos característicos de agressões físicas.
Abujamra solicitou ainda que seja esclarecido se foi realizado exame toxicológico no cadáver “a fim de se verificar a possibilidade aventada pelo N. perito acerca da ocorrência de ‘overdose’ ou eventual ataque de animal peçonhento, ou aponte se tal providência é impossível em razão do estado de decomposição do cadáver.”
Por fim, o MP pede que seja analisada a relevância de perícia na casa do suposto autor e no veículo de um segundo investigado, já que testemunhas teria afirmado que o crime pode ter sido cometido na residência do primeiro e o automóvel do segundo ter sido utilizado para o transporte do cadáver até o local onde houve o encontro.
O prazo dado pelo MP para que a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) esclareça os detalhes apontados é de 90 dias.
DESABAFO
Nesta quarta-feira (1º), a mãe da vítima, Fernanda Fabrício, deu uma entrevista a Amarildo de Oliveira, no Programa Fala Cidade. A mulher contou que ficou sabendo da conclusão do inquérito através da reportagem publicada pelo Marília Notícia.
Segundo a polícia, testemunhas sigilosas apontaram a morte como resultado de homicídio. O laudo do Instituto Médico Legal (IML), porém, aponta que a morte teve causas naturais.
“Pelo Marília Notícia eu fiquei sabendo. Não achei justo. O laudo referindo que meu filho faleceu de morte natural. Como que um corpo vai parar lá na serra? É inexplicável isso, não acho certo de ter saído esse laudo, não acredito nisso. (…) Para mim não tem dúvida que a morte natural não foi”, disse Fernanda.
A mãe contou versão parecida com a apresentada pelas testemunhas para a polícia no inquérito.
“Tudo indica que ele tinha arrumado uma briga com um rapaz e que esse rapaz tinha pegado o celular dele e ficou por isso. Meu filho discutiu com ele, os dois discutiram. (…) A briga foi no finalzinho de outubro, quando foi em novembro meu filho desapareceu, ninguém achava ele e toda vez que meu filho saía ele falava onde ele dormia, onde ele tava (sic) (…) Ele nunca escondia nada da gente. (…) De repente ele sumiu. (…) Eu lembro que ele foi em casa (…) Ele falou tô (sic) indo lá para casa dos meus parceiros. Depois nunca mais vi meu filho”, desabafa.
Fernanda disse que até hoje a família não sabe onde está o celular do filho. A mulher acredita que Jefferson foi assassinado e pede Justiça.
“Meu coração fala que o que fizeram com meu filho foi armação mesmo, foi maldade. Eu sinto que foi isso. (…) [Quero] A Justiça. Sei que a Justiça do homem ela falha, mas creio na Justiça de Deus e eu quero a Justiça. Morte natural meu filho não morreu, eu tenho essa certeza”, afirma.
Por fim, a mãe fez um apelo de que o possível culpado se entregue.
“Que essa pessoa, ela possa se entregar, falar a verdade (…) Eu sei que meu filho não vai voltar mais. Morto também não fala. Mas queria que essa pessoa falasse a verdade. Eu quero Justiça. Queria que essa pessoa ou quem participou escutasse meu clamor, o clamor de uma mãe”, finaliza.