Prédios da CDHU registram invasões e furtos após mudança forçada
Fios de cobre, gabinetes, acessórios de banheiro, portas e outros bens estão sendo furtados e destruídos por criminosos no Conjunto Habitacional Paulo Lúcio Nogueira, residencial da CDHU na zona sul da cidade. A denúncia chegou ao Marília Notícia em tom de revolta, através dos moradores que tiveram que deixar o condomínio em função de série de riscos, inclusive, de desabamento.
A comerciante Sandra Mara de Carvalho, que ainda mora no local [em outro apartamento], conta que o imóvel da filha e do genro, no bloco L2 do residencial, está em ruínas.
O casal se mudou da CDHU e preferiu voltar a pagar aluguel, depois de um incêndio com morte ter sido registrado na vizinhança. O caso inclusive gerou alerta da Defesa Civil para os blocos, na época.
“Eles [filha e genro] pagam aluguel e não receberam o auxílio deste mês. Estão aguardando as obras porque precisam voltar. É um absurdo que ninguém se responsabilize. Eles [familiares] sempre cuidaram muito bem do apartamento, que inclusive é quitado. [Os criminosos] estão destruindo vários [imóveis]. É muito triste de ver”, afirma Sandra.
A comerciante reclama da falta de informações, a ausência de qualquer vigilância após as desocupações e a falta de efetivo bloqueio de acesso, com início de obras. Sandra se queixa também do atendimento da Polícia Militar, que foi acionada e “apenas a acompanhou, com a filha, até o apartamento”.
“Só entraram com a gente, anotaram o nome dela e foram embora”, conta a moradora, que afirma não ter recebido nenhum tipo de orientação sobre como proceder.
PREJUÍZO
Morador do bloco F3, um operador de máquinas de 41 anos também procurou a polícia para denunciar arrombamento e furto. Ele acionou a PM no dia 3 de junho, mas apenas nesta segunda-feira (17), os militares formalizaram a queixa no plantão da Polícia Civil.
A vítima relatou que estava ausente quando bandidos arrombaram a porta e levaram diversos itens, incluindo uma geladeira, um rack, uma sanduicheira elétrica, uma mesa, panelas, utensílios domésticos e até um guarda-roupas.
Não há nenhuma informação sobre investigação, perícia ou nenhuma medida para tentar identificar e punir os responsáveis.
OUTRO LADO
O Marília Notícia acionou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Marília e da CDHU sobres as queixas dos moradores. O município nega ser o responsável por qualquer vigilância e diz não haver atrasos em benefícios.
“O benefício para a família do casal citado está em dia. O auxílio-mudança e auxílio-moradia foram liberados em 24 de maio de 2024.”
A nota acrescenta que “a Prefeitura de Marília é responsável pela remoção das famílias dentro do cronograma estabelecido em audiência envolvendo todas as partes do processo – Justiça, Defensoria Civil, comissão de moradores, CDHU e município. O auxílio-moradia e o auxílio-mudança são transferidos para os moradores [à época da recente desocupação] – e não para os proprietários dos respectivos imóveis.”
Por fim, a Prefeitura diz que as questões levantadas pelo MN [sobre a vigilância do local] “devem ser indagadas à CDHU”. O município diz ainda que “não foi responsabilizado pela deterioração dos imóveis e todas as demais circunstâncias identificadas pelos servidores municipais durante o trabalho e auxílio de remoção das famílias são encaminhadas às instâncias competentes.”
A CDHU esclarece que as famílias têm 15 dias para saírem dos imóveis após o preenchimento do termo para receber o auxílio moradia pago pela Prefeitura. “Em alguns casos, as famílias têm demorado mais do que o prazo previsto para a saída dos apartamentos, o que impede que os imóveis sejam lacrados. Os funcionários da assistência social do município têm visitado os blocos para identificar os moradores e orientar sobre a necessidade de desocupação.”
Ainda conforme o órgão habitacional, após a desocupação total dos blocos, a Defesa Civil do município, juntamente com a Secretaria de Obras de Marília, faz a lacração dos prédios, a interdição e o corte de água e energia. “Em caso de relatos de crimes, os moradores e proprietários têm sido orientados a registrar boletim de ocorrência.”
A Polícia Militar também foi acionada e questionada sobre a qualidade do atendimento, após ocorrência de furto no local. A instituição informou que irá verificar o caso em específico para enviar resposta ao site.