Moradores de rua se reúnem no Abreuzão e incomodam vizinhança
É crescente o número de moradores de rua nas proximidades do Estádio Bento de Abreu Sampaio Vidal, o Abreuzão. A denúncia é de pessoas que moram em edifícios próximos e relatam uso de drogas e bebidas alcoólicas, além de necessidades fisiológicas na rua, relações sexuais e outros constrangimentos.
A secretaria municipal de Assistência Social afirma que todos já foram abordados, mas recusam totalmente ou parcialmente os serviços públicos. Moradores que fizeram denúncia ao Marília Notícia relatam já terem visto mais de 20 pessoas aglomeradas e em condições precárias. (veja o vídeo)
Esta semana a Prefeitura fez, inclusive, a sanitização da calçada – com cloro concentrado para desinfecção. A iniciativa visa prevenção ao novo coronavírus, mas a desocupação é temporária.
Após o agravo da pandemia, a Prefeitura fechou temporariamente o Centro POP – que oferecia apoio durante o dia. Por outro lado, o Bom Prato passou a servir café da manhã, almoço e janta. A Casa Cidadã oferece pernoite. Quem é de fora da cidade, conta ainda com a Fundação Mariliense de Recuperação Social (Fumares)
Impacto na vizinhança
A empresária Mylene Bonfanti, que mora em apartamento próximo, afirma que o volume de moradores de rua varia de acordo com o dia e o clima. O mau cheiro, confusões e algazarras, são alguns dos transtornos.
“Está um odor de urina insuportável na calçada. Eles jogam comida na rua, isso atrai pombas. É um problema de saúde pública. Já pedimos providências; alegam que eles têm o direito de ir e vir. Mas e a situação para quem mora aqui?”, questiona.
Mylene conta que muitas pessoas, com doações, acabam agravando a situação. Ela relata que fez duas abordagens esta semana, para orientar sobre o “efeito negativo”. Muita gente não entende.
“Pararam dois carros. Desci para conversar. Um grupo entendeu, disse que não vai trazer mais comida na rua, mas outro não. Eles não entendem que enquanto tiver gente dando comida, dando cobertor, eles (moradores de rua) não têm interesse em buscar ajuda no abrigo. Preferem ficar na rua porque ficam livres para beber, usar drogas”, denuncia.
A administradora e estudante de medicina Isabella Bispo Diaz Toledo Martins, também moradora nas imediações, acredita que a “ajuda na rua” não é a melhor maneira de contribuir.
“A calçada não é um lugar adequado, muito pelo contrário. Essas pessoas precisam de ajuda, mas não de incentivos para continuar na rua. Nós, que somos moradores, convivemos com os transtornos todo dia, na porta de casa”, afirma Isabella.
A aposentada Evelina Maria Gozzo Rodrigues, de 71 anos, conta que os constrangimentos são muitos. “Palavras de baixo calão, cantoria, gritaria à noite, bebidas… Eles não param. A polícia vem, mas não pode fazer nada. A situação é muito incômoda. Quem quer ajudar, faça de outra forma, porque a ajuda que está vindo só incentiva essa situação lamentável”, disse a aposentada.