Delegado motiva apaixonados pela profissão
Em busca da verdade, eles precisam separar fatos concretos de pistas falsas, em tramas que podem envolver vários suspeitos e pessoas desinteressadas na justiça. Têm ainda que mediar conflitos, acolher o sofrimento das vítimas e garantir que a lei seja cumprida, sem excesso e nem complacência. A rotina do delegado de polícia exige – ao mesmo tempo – flexibilidade e firmeza.
No Dia do Delegado de Polícia – comemorado em 3 de dezembro –, o Marília Notícia destaca os motivos para este profissional continuar a ser um dos mais próximos do cidadão nos momentos de medo e vulnerabilidade.
Em cidades de médio porte do Estado de São Paulo, como Marília, os casos mais complexos, que envolvem crimes contra a vida e patrimônio, como homicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e assaltos, são apurados pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
À frente dos trabalhos na unidade local está o delegado Luís Marcelo Perpétuo Sampaio. São 29 anos de carreira, em um período de grandes transformações na segurança pública, da metrópole às pequenas cidades.
“Comecei no início da década de 90 na cidade de São Paulo, em um Distrito Policial (DP) que tinha uma grande carceragem, eram mais de 180 presos. Naquele tempo isso era muito comum, delegacia com cadeia. Na hora de ‘pagar a bóia’ dos presos, como se dizia, você tinha que entrar no corredor, praticamente no meio deles. Batiam nas grades. A pressão – para quem tinha acabado de sair da academia – era muito maior”, conta Luís Marcelo.
O delegado trabalhou em diversos distritos da zona Leste de São Paulo, em algumas das regiões que eram conhecidas nacionalmente pela violência. Ganhou experiência no combate ao crime organizado e de grupos que se aproveitavam da vulnerabilidade social da população.
Atuou ainda na região metropolitana de São Paulo, até obter a transferência para Botucatu, onde ficou vários anos. “Eu sou nascido em Tupi Paulista, então esse regresso para o Interior já era algo que pretendia fazer. Alguns anos depois, cheguei em Marília, cidade que era referência na minha infância por ser o maior município da Alta Paulista”, relata o delegado.
Marcelo foi assistente na DIG, ao lado do veterano delegado José Carlos Costa, um dos mais destacados profissionais que a cidade já teve na função. Na época, a unidade ainda funcionava na rua Gonçalves Dias, quase em frente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Costa, Sampaio e João Carlos Domingues – atual titular da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes – assumiram a missão de combater o tráfico de drogas na cidade. Por um tempo – após promoção de Costa -, a Dise chegou a ser chefiada por Luís Marcelo.
Na época, a unidade tirou das ruas grandes quadrilhas na cidade e, em ações conjuntas com a DIG, ajudou a descapitalizar criminosos que operavam em múltiplas atividades ilícitas, tendo os entorpecentes como uma das principais fontes de recursos.
CRIMES HISTÓRICOS
Um dos casos que mais marcaram o delegado foi o esclarecimento de um homicídio em 2007, no distrito de Amadeu Amaral – com tortura e requintes de crueldade – após um julgamento feito pelo Tribunal do Crime. A vítima foi um pai de família da zona Sul, apontado equivocadamente por membros de uma quadrilha como delator.
“Ele foi sequestrado dentro de casa, torturado e morto num matagal. Na época quebramos sigilo telefônico, cruzamos dados, foi uma investigação exemplar que teve todos os envolvidos identificados. Por ser uma ação muito complexa, com vários réus, teve vários desdobramentos na fase judicial e até hoje não houve julgamento”, relata.
Além dos casos de grande repercussão, em crimes contra a vida, equipes nas quais Marcelo fez parte também trabalharam para descapitalizar – e levar à Justiça por tráfico – grupos que participaram da guerra de gangues na zona Sul de Marília, que envolveu duas quadrilhas.
Durante o ano de 2011, o duelo resultado em uma morte, sete homicídios tentados, rajadas de tiros contra residência e deixou a região assustada. Os líderes de ambos os bandos foram presos e condenados; dezenas responderam a processos.
Após amplos serviços prestados na luta contra as drogas, Marcelo assumiu, em 2020, a DIG de Marília em uma inesperada vacância. O delegado titular Valdir Tramontini, que foi seu colega de academia durante a formação, morreu subitamente após um infarto na cidade de Garça, onde morava.
“Foi uma perda muito grande. O Valdir foi um delegado dedicado, habilidoso, apaixonado pela investigação. É um colega que faz muita falta”, lembra.
Ao assumir a função, Marcelo deu sequência ao trabalho discreto de Valdir. O delegado tem conseguido, com sua equipe, oferecer respostas na maioria absoluta dos casos. “Não temos crimes graves sem esclarecimento na cidade”, garante.
Em uma sociedade cada vez mais conectada, em que, muitas vezes, o criminoso sequer está na presença de suas vítimas para cometer o delito, a expectativa do delegado é que as pessoas possam estar cada vez mais atentas para reduzir riscos à segurança.
“Precisamos lembrar que a segurança pública depende de todos nós. Os delegados e todos os profissionais que trabalham conosco nas delegacias, estão aqui para ajudar. Mas o nosso desejo sincero é que as pessoas precisem cada vez menos”, conclui Marcelo Sampaio.
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