Ministério lança campanha contra hepatites virais
O Ministério da Saúde lançou uma campanha nacional de prevenção contra as hepatites virais, responsáveis pela morte de mais de 82 mil pessoas no Brasil entre 2000 e 2020. O evento de lançamento da campanha, realizado na última quarta-feira 27, em Brasília, contou também com a apresentação do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais de 2022, que consolida as notificações das hepatites A, B, C e D no País dos últimos anos. Nesta quinta-feira, 28, é celebrado o dia mundial de luta contra a doença.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil notificou 718.651 casos confirmados de hepatites virais entre 2000 e 2021, sendo 168.175 (23,4%) de hepatite A; 264.640 (36,8%) de hepatite B, 279.872 (38,9%) de hepatite C e 4.259 (0,6%) de hepatite D.
Em relação aos óbitos, a hepatite C é o tipo que mais provoca mortes no Brasil: foram 62.611 entre 2000 e 2020, o que representa 76,2% do total de vítimas no período, entre as demais hepatites. No total, aproximadamente 82,1 mil pessoas morreram no País de hepatite viral nas duas décadas citadas, segundo o Ministério da Saúde.
As hepatites virais se diferenciam por tipos A, B, C – mais comuns – e D, cujos casos são mais frequentes no norte do País. Há ainda o tipo E, que é mais raro no Brasil e mais habitual em países da África e da Ásia. Cada uma é transmitida por um tipo de vírus diferente, mas, como o nome pressupõe, todas provocam lesões no fígado.
Ainda de acordo com a pasta, as consequências ocasionadas pelas hepatites virais, como infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites, matam cerca de 1,4 milhão de pessoas por ano no mundo. O Brasil é um dos países signatários da estratégia global de afastar as doenças da condição de problema de saúde pública até 2030.
A boa notícia é que é, para algumas das hepatites, existem vacinas e medicações que tratam e curam a doença, e que podem ser adquiridas de forma rápida, acessível e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Bem como diagnósticos para detectar o vírus. Quanto mais rápidos e precoces forem feitos os exames, menores são as chances da doença, qie é sexualmente transmissível, se espalhar.
“Hepatite C é causa de hepatocarcinoma, de necessidade de transplante e é causa de óbitos. Por meio do SUS, é possível reduzir esse importante problema de saúde pública”, afirmou o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, durante o evento de lançamento da campanha.
Sintomas
Na hepatite A, os sintomas são descritos como inespecíficos. Mas, inicialmente, a pessoa tende a sentir fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. O quadro pode se agravar para enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, urina escura, além de pele e os olhos amarelados (icterícia). Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção
Já nas hepatites B e C é comum as pessoas estarem com o vírus, mas não saberem que estão com a infecção. Isso porque as duas hepatites nem sempre apresentam sintomas, o que dificulta na identificação de contaminados. Sem o diagnóstico, a doença pode evoluir por décadas de forma impectível pelo paciente, que só conseguir sentí-la em estágio avançado.
E esse avanço da infecção pelo corpo pode levar ao comprometimento grave do fígado, e acarretar problemas como fibrose avançada ou de cirrose associada às hepatites. Complicações que podem gerar câncer e a necessidade de realizar transplante do órgão.
De acordo com o ministério, o SUS disponibiliza amplamente os testes rápidos para hepatite B. O diagnóstico é feito por meio da coleta de uma gota de sangue, pela qual é possível identificar a presença da infecção. Os exames para detectar a hepatite C, que também pode ser feito pelo SUS, é feito por meio de exame de rotina ou doação de sangue.
Vacinação
Para as hepatites A e B, a melhor forma de prevenção e proteção contra a doença são as vacinas, cujas doses estão disponíveis em salas de vacinação de todo o País.
Não há, porém, vacina contra a hepatite C, que tem demonstrado ser a mais letal no Brasil nas últimas décadas. Mas existe tratamento e cura, que podem ser alcançados por meio de medicamentos disponibilizados no SUS para qualquer pessoa que esteja infectada pelo vírus.
Em relação às vacinas para as hepatites A e B, para atingir a máxima eficácia, os imunizantes precisam ser administrados de forma completa, conforme propõe o esquema vacinal para cada faixa etária. Veja abaixo o esquema recomendado pelo Calendário Nacional de Vacinação:
Crianças
Hepatite B recombinante: 1 dose ao nascer;
DTP + Hib + HB (penta – entre outras doenças, protege contra a Hepatite B) / 3 doses recomendadas: 1ª aos 2 meses; 2ª aos 4 meses; 3ª aos 6 meses;
Hepatite A (HA): 1 dose recomendada aos 15 meses.
Adolescentes, adultos e gestantes
Hepatite B: 3 doses recomendadas (iniciar ou completar o esquema de acordo com a situação vacinal). Intervalo recomendado: 2ª dose deve ser aplicada 1 mês após a 1ª dose e a 3ª dose deve ser aplicada 6 meses após a 1ª dose.
População imunodeprimida
Observar a necessidade de esquemas especiais com doses ajustadas, disponibilizadas nos Centros de Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Tratamento
Ainda não existem medicamentos que curam a infecção pelo vírus da hepatite B, o mais comum de se contrair no País e cuja prevenção pode ser feito por meio de vacinação. Contudo, há fármacos disponíveis que auxiliam no tratamento para o controle da carga viral e na velocidade da evolução da doença.
No caso da hepatite C, que não possui ainda uma vacina, já há remédios que tratam e curam a doença. Segundo o Ministério da Saúde, as medicações conferem a cura em mais de 95% dos casos, e os tratamentos duram, em média, 12 semanas.
No caso de hepatite A, não há nenhum tratamento específico. O ministério recomenda que se evite a automedicação para alívio dos sintomas, vez que, remédios desnecessários podem atingir o fígado e piorar o quadro.
Prevenção
No caso das hepatites A e B, a melhor maneira de prevenir a doença é com a vacinação. No caso da hepatite C, com testagem e diagnóstico. Quanto mais pessoas souberem que estão com algum vírus e se submeterem ao tratamento, menores as chances da doença ser transmitida.
Outras formas de prevenção contra hepatites virais são: não compartilhar objetos perfurocortantes (seringas, agulhas, alicate de unha, agulhas etc.) com outras pessoas; não compartilhar objetos de uso individual com outras pessoas (escovas de dentes ou lâminas de barbear); usar materiais esterilizados em situações, como realizar tatuagem e colocar piercings; e usar preservativos nas relações sexuais.
No caso da hepatite A, a contaminação pode ser evitada com as seguintes medidas: lavar as mãos; cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes; não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de esgoto; evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios; usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
Riscos
Os dados do Ministério da Saúde indicam que a hepatite C apresenta maior taxa de detecção em indivíduos acima dos 40 anos de idade. Mas há situações que colocam as pessoas dentro do grupo de risco, como: ter realizado procedimento de hemodiálise; ter diabetes ou hipertensão; ter feito procedimentos invasivos (estéticos ou cirúrgicos) sem os devidos cuidados de biossegurança; ter realizado transfusões sanguíneas antes de 1993; compartilhar objetos para o uso de drogas; estar privado de liberdade, entre outros.
Mulheres devem proteger a gravidez realizado testes no pré-natal Na hepatite B, é possível evitar a transmissão para o bebê. No caso da hepatite C, o tratamento deve ser feito depois do parto.