Meu voto pode ajudar a eleger outro vereador? Marília Notícia explica
Não é apenas uma desconfiança. O voto que o eleitor dá a seu candidato a vereador, pode ajudar a eleger outro. É a consequência do sistema proporcional de representação, para as eleições.
Parece complicado, mas o Marília Notícia explica porque políticos que você não escolheu podem ser beneficiados com seu voto.
Diferente do sistema majoritário, no qual é eleito o candidato que recebe maior número absoluto de votos, no sistema proporcional é extraído um quociente eleitoral.
Pela regra atual esse número é obtido através do cálculo entre todos os votos válidos, divididos entre o total de cadeiras.
Por exemplo, se Marília tiver 130 mil votos válidos para vereador, o quociente para os partidos será 10 mil votos. Em tese, é o piso necessário para que a sigla conquiste sua primeira vaga.
Essa cadeira, claro, fica com o mais votado dentro do partido. O sistema existe com o fundamento de permitir que haja maior representação e pluralidade de ideias.
Analistas ouvidos pela reportagem acreditam que muitos partidos devem ficar longe dos 10 mil votos na cidade. Por isso, candidatos beneficiados por votações expressivas de seus companheiros ainda podem acabar eleitos – a partir da segunda rodada.
Já foi pior
Para quem considera o sistema injusto, já foi bem pior. Antes da minirreforma eleitoral, que entrou em vigor em 2017, a Justiça permitia que os partidos fizessem coligações entre diferentes siglas.
Por isso, eram comum os chamados “puxadores de votos” favorecerem pessoas as quais sequer eram do mesmo partido – estavam apenas, oportunamente, coligadas.
Candidatos de expressiva votação – artistas, celebridades e influenciadores – arrastavam até duas ou três pessoas que, sozinhas, não teriam obtido votos para serem eleitas. Com a minirreforma, ficou mais difícil a situação ocorrer.
Desde a eleição de 2018, que elegeu deputados estaduais e federais, a Justiça Eleitoral não olha mais a soma obtida pela coligação. Os partidos ainda podem se agrupar para apoiar prefeitos, governadores e presidente da República, mas no caso do Legislativo o ajuntamento não tem mais efeito.
Dois anos antes, em Marília, o último vereador eleito (13ª vaga) foi o 23º mais votado. A minirreforma tornou esse tipo de resultado improvável.
No entanto, o eleitor ainda poderá ver candidatos bem votados sem vaga. O melhor, para quem disputa as eleições, é receber muitos votos, torcer pelos companheiros de partido e ainda ter a felicidade de ser mais votado que eles, para ficar no topo da lista no momento da distribuição das cadeiras.