Mercado de veículos espera retomada de vendas em Marília
O mercado de carros novos ainda é incerto para 2023. Com desaceleração da frota de veículos nos últimos três anos, a expectativa é que o crescimento do setor seja retomado, mas especialistas ainda aguardam os primeiros meses do ano, com o novo governo federal, para saber como será o comportamento da economia brasileira, imprescindível para melhorar o consumo.
No Brasil, as vendas de veículos novos cresceram 4,88% em 2022 na comparação com 2021, segundo o balanço divulgado pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). No ano passado, foram emplacadas 3,6 milhões de unidades, contra 3,5 milhões no ano anterior.
Em Marília, nos últimos três anos a cidade registrou uma desaceleração no crescimento da frota de veículos. Em 2017 a cidade contava com 161.623 veículos. No ano seguinte, houve aumento de 3,3% da frota, que atingiu 167.018 veículos. Marília aumentou o percentual de crescimento para 3,4% em 2019, com um total de 172.759 veículos.
Desde então, o setor sentiu o duro golpe da pandemia e em seguida veio a guerra entre Rússia e Ucrânia. Em 2020, a frota ficou em 176.718 veículos, crescendo apenas 2,3%. No ano seguinte, com 180.549 veículos, aumentando 2,2%. O menor crescimento da frota aconteceu no ano passado, com aumento de 1,9%, atingindo a marca de 184.003 veículos.
De acordo com o gerente comercial da Proeste Renault em Marília, Lucas Almeida, 2023 pode significar o início da retomada das vendas de veículos novos e usados, mas ainda deve ser um ano difícil para o setor de automóveis.
“Acho que esse ano não será fora da curva. Deve ser muito parecido com o ano passado, ainda com muita dificuldade. Acho que tudo passa pela política. Precisa mudar a taxa de juros, que atualmente está muito alta, além de injetar dinheiro no mercado. Hoje vemos certa dificuldade para aprovação de crédito”, explica Almeida.
Eduardo Freire, CEO da Comasa, acredita que o ano de 2023 será o primeiro efetivamente pós-pandemia, com todas as mercas reorganizadas com fornecedores, sendo que toda a cadeia produtiva deve retomar a produção aos níveis anteriores.
“Não teremos mais restrição de produto por falta de componentes, o que foi uma constante desde o final de 2020. Resta saber se o mercado de forma geral será receptivo. A previsão da Volkswagen é um incremento de mercado da ordem de 20%. A Fenabrave acredita em 10%, ou seja, pelas previsões teremos um mercado total de veículos novos entre 2,2 e 2,4 milhões de unidades. Lembrando que o Brasil já chegou a 3,6 milhões de unidades. Estamos confiantes na retomada, só não temos certeza da velocidade que isso acontecerá”, afirma Freire.
Para Clóvis Barreto, gerente da Fiat Milazzo em Marília, a expectativa é positiva para a venda de veículos novos. Ele contou que as montadoras conseguiram restabelecer os seus procedimentos, com prazo de entrega mais ajustado.
“Com um prazo de entrega melhor, existe a tendência de gerar uma credibilidade maior para quem compra o veículo novo. Um dos motivos para alta dos veículos em 2022 foi por causa da falta de componentes, que gerou atraso nas entregas. Acredito que no segundo trimestre de 2023, com economia se estabelecendo melhor, os clientes terão mais certeza para comprar veículos”, revela Barreto.
De acordo com o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, os resultados de 2022 reproduziram, em certa medida, os números alcançados nos dois anos anteriores. Para este ano, com as informações disponíveis até o momento, ele acredita que as vendas devem manter esse patamar.
A expectativa é que a comercialização de carros e caminhões repita o alcançado no ano passado. Para as motos, a previsão da Fenabrave é de crescimento de 9% nos emplacamentos.
No entanto, Andreta afirmou que os números podem ser revistos nos próximos três meses, a depender de fatores externos, como a Guerra na Ucrânia e a situação da Covid-19 na China, e também das decisões econômicas do novo governo. “Você vê oscilação de bolsa [de valores], de dólar. Tudo está oscilando. Muito difícil projetar alguma coisa nesse momento”, ressalta o presidente.